JÁ ME REFERI A ESTE TEMA em blogue anterior, mas considero que vale a pena voltar ao assunto, já que nós, portugueses, estamos a necessitar de reflectir sobre o nossos comportamento e de procurarmos alterar os pontos que não têm constituído base para melhorarmos a actuação que nos cabe no conjunto de um mundo que, tendo gente melhor e pior, é natural que, os que não se encontram nas primeiras filas, tentem inflectir para emendar as piores procedimentos.
E evidente que os costumes e usos da cada povo, quando são constituídos por actuações que não interferem para mal nos resultados conseguidos no conjunto de um país, esses devem ser conservados e até apoiados. As regiões distinguem-se pelos seus hábitos de várias espécies, os gastronómicos, os folclóricos, mesmo os religiosos, tal como o artesanato e certas formas próprias de vestuário. Tudo isso serve para marcar as diferenças e é importante que seja conservado historicamente.
Mas as que constituem práticas que não devem ser elogiadas, antes marcam características que colocam os lusitanos como merecedores de serem apontados com aves raras e, no seu próprio interior, não obtêm resultados positivos, então devemos ser nós mesmos a reconhecer essas características e a fazer todos os esforços para nos emendarmos. Serem os de fora a rirem-se das nossas falhas é que, naturalmente, não podemos gostar, mas se saírem de nós todos, do seio da nossa intimidade, esse apontar de falhas, então, não aceitando que cheguem os habituais conformados a lambuzarem-se naquilo que consideram doentiamente como patriotismo, aí, é minha opinião, só terá bastante utilidade se não ficarmos calados e procurarmos que a situação evolua.
Qual o motivo por que, neste momento concreto em que se encontram à vista mais umas eleições, desta vez para a Presidência da República, embora o assunto que vou focar não tenha nada a ver directamente com o acto em si, sempre poderá ocasionar um raciocínio cuidado no que respeita à análise daquilo que somos? Já verão em seguida.
Ainda que pareça descabido, o certo é que me saltou este raciocínio ao analisar a página dos jornais onde, normalmente, são publicados os anúncios das mortes de cidadãos cujas famílias podem e consideram dever dar a conhecer a partida de seus parentes. E foi aí mesmo que me tocou de novo a imagem das nossas características que, neste particular, se diferenciam grandemente do que ocorre, por exemplo, nos nossos vizinhos e na maioria dos países mundiais, ainda que alguma coisa se assemelhe, por exemplo, aos alemães: trata-se de fazermos gala aos títulos académicos - ou quase isso – que se exibem, vaidosamente, nos cidadãos vivos mas, e nesse particular com certa incompreensão, nos comunicados dos seus passamentos.
Dar a conhecer que um corpo depositado na sua última morada ou simplesmente a caminho da cremação recebe ainda a classificação de “dr.” ou “eng.”, só os portugueses é que têm essa preocupação, aparentemente como forma respeitosa de despedida de quem partiu para outra morada de onde não se volta.
Que se levantem conflitos enquanto por cá andam os que fazem grande questão em colocar nos cartões de visita aquilo que fazem questão em ser amplamente reconhecido, ou seja o título obtido pelo facto de terem cursado universitariamente umas disciplinas que passaram a constituir a sua profissão – ou não -, como sucede com o primeiro-ministro, José Sócrates, que sente os efeitos de nem sempre lhe ser dado o prazer de o considerarem engenheiro, como se se tratasse de uma espécie de Prémio Nobel ou coisa parecida, que isso suceda é bem a demonstração de que, entre nós, não é o mais importante desempenharmos as nossas funções, sejam elas quais forem, com total competência e contribuindo para o desenvolvimento de Portugal, mas sim, e acima de tudo, o título, académico ou nem por isso, que não quer dizer que se seja muito sabedor do que se estudou (ou não), mas sim o que se pretende recordar aos outros de que deve existir uma determinada reverência em relação que se apresenta como sendo o “senhor dr. ou o sr. eng.”.
Eu sou do tempo em que, o jornalismo, era uma profissão que acolhia – pelo menos antes – gente que dispunha de uma cultura geral mínima que era essencial para se poderem exercer as funções que lhes cabiam, e que, mesmo tendo frequentado e completado carreiras académicas, nunca puxavam pelos galões nem era tratados com qualquer título daqueles atrás referidos. Tratava-se de um excepção à regra nacional.
Mas, enfim, também não vem mal ao mundo que a rapaziada com cursos que, na sua maioria, nem se sabe bem o que são, se pavoneiem com os sues títulos que são a única demonstração que podem fazer da sua “superioridade” em relação aos seus compatriotas, a maioria deles ainda oriunda de uma classe que dispõe apenas da frequência na universidade da vida que, verdade seja dita, em muitas circunstâncias ainda é a melhor escola que, sobretudo no interior do País, serviu para caminhar nas funções que desempenharam.
Saudemos então esses doutorados, não sendo por extenso, que, não sendo médicos, a única atribuição que é considerada no estrangeiro como indicadora da profissão que exercem, mesmo assim precisam de ser entusiasmados para que façam todos os possíveis para ajudar a levar Portugal no caminho o mais certo possível.
O que é pena é que, como me sucedeu recentemente, quando se necessita de um canalizador ou de um electricista, se ande à procura e não seja fácil encontrar quem preste o seu serviço. Isto, num País com tanto desemprego, é que deveria ser clamado bem alto pelos homens que procuram colocação na área política. Mas não, o que interessa é porem-se em bicos de pés e discutirem assuntos que não atrasam nem adiantam no que se refere ao juízo que deles se pode fazer quanto à sua capacidade de ter a seu cargo a governação de uma País.
Será por isso também que, cada vez mais, a abstenção dos potenciais votantes cresce… e cresce!