domingo, 5 de outubro de 2008

DESENCANTO... POR ENQUANTO!

A imaginação é, por vezes, muito mais generosa do que a realidade. Os prazeres que podem ser conseguidos, através da ideia que formamos de um acontecimento que se deseja que se realize, mas que não é alcançado, tais gozos só se atingem através do sonho acordado que somos capazes de alimentar.
Não provoca a mesma excitação ver a foto de um elemento nu do outro sexo (ou do mesmo, conforme os gostos), ou, se o interesse excede o comum, imaginar essa mulher ou esse homem completamente despido de roupas ou, se possível, visualizá-lo a proporcionar o espectáculo de se ir desnudando a pouco e pouco. Há alguma diferença. E, melhor ainda do que ter permissão para assistir a esse espectáculo é, sem consentimento, espreitar por qualquer frecha disponível. O buraco da fechadura sempre ganhou foros de ser o melhor amigo do olho indiscreto. Com as fechaduras modernas, esse prazer tem vindo a ser anulado. Benditas as chaves de ferro, que necessitavam de uma abertura generosa para poderem cumprir a sua missão. A da chave e a do olho.
Mas, a imaginação é sempre a melhor forma de, sem intromissão de terceiros, se alimentarem expectativas. De se fomentarem ilusões. De satisfazer um desejo de se possuir, em ilusão, o que não se encontra, de momento, disponível. E talvez nunca venha a estar. E, só o cansaço de não se conseguir atingir o objectivo, poderá, com o tempo, liquidar tal ilusão.
O desconsolo, porém, é quando, satisfeita que seja a ambição alimentada, se depara com a realidade. E o concreto não coincide com o abstracto. Tudo o que se desejava não corresponder àquilo que se tinha construído na imaginação. Enquanto encoberta a verdade, foi alimentada uma ideia que, perante o facto consumado, caiu como um castelo de cartas.,

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