Flores do meu jardim
pássaros em torno
cheiro a alecrim
ver porta do forno
pedras reluzentes
ventinho que passa
a palha nos dentes
o sol na vidraça
som melodioso
delícia d’ouvidos
d’um autor famoso
lá de tempos idos
a sombra gozando
de árvore frondosa
sentadinho estando
de forma dengosa
vejo caracol
a passar sem pressa
pauzinhos ao sol
algo qu’o aqueça
Bela Natureza
qu’o Homem despreza
falta-lhe firmeza
para impor limpeza
deixar sujidade
por onde se passa
em qualquer cidade
em total desgraça
antes era limpo
falta de cuidado
só porque o repimpo
é do seu agrado
e a pouco e pouco
com andar dos anos
se torna bacoco
por causa dos danos
Mas o meu jardim
que eu cuido com zelo
transporta p’ra mim
o prazer do belo
aqui não se suja
nada vai pr’o chão
sem medo que fuja
o auto do borrão
o sol e a chuva
chegam quando querem
são com’uma luva
quase nada ferem
se assim fosse o mundo
onde muit’estragam
pondo tud’imundo
e bastante esmagam
mas que diferença
do que ver é dado
alguma doença
põe em mau estado
quem respira pós
que pairam no ar
pois que não há prós
só contras d’azar
Se no Paraíso
que dizem haver
é grande o juízo
não dá p’ra sofrer
tudo se conserva
sem ninguém ‘stragar
e se há lá erva
e é são o ar
sem a sujidade
que o vivo provoca
ninguém tem saudade
nem a Terra evoca
então vale a pena
daqui se partir
p’ra ter outra cena
gostar de dormir
estar descansado
com o que o rodeia
até acordado
por nada anseia
Mas aqui na ‘sfera
onde sobra gente
nem a Primavera
faz nascer semente
do amor à Terra
criando um futuro
liberto de guerra
com tudo bem puro
onde a amizade
acima de tudo
e a lealdade
serão conteúdo
razão de viver
se se cumprir bem
o que é prazer
ajudar alguém
então para isso
Natureza amar
será compromisso
não pode faltar
Não sujemos pois
o que é de todos
sejamos heróis
sem quaisquer engodos
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