QUANDO, MESMO TARDE, reconhecemos que praticámos um erro, quem tem consciência e a sente a funcionar, deparará com uma enorme satisfação se apresentar as suas desculpas publicamente ou, no mínimo, declarar-se faltoso perante a outra parte que terá, eventualmente, ofendido. Não se trata esta declaração de uma retórica saída de alguém que se tem como exemplo, mas apenas de um ser humano, igual a todos os outros que, chegada a uma altura da sua vida, se declara incapaz de prosseguir mantendo uma forma de ser que, até aí, não constituiu razão para ser querido pelos próximos e igualmente para si próprio.
E se esse erro foi o de não ter conseguido reconhecer que os comportamentos dos outros merecem ser atendidos com complacência, por muito inquietantes e penosos que eles sejam, metendo a mão na consciência e verificando que nós mesmos, muitas vezes sem nos darmos conta disso, procedemos da maneira menos recomendável e sem termos a humildade suficiente para nos compenetrarmos que errar todos erram, ficamos com uma determinada amargura que talvez possa servir para uma tentativa de emenda e um procedimento seguinte bem mais aceitável.
Este desabafo saiu-me depois de ter tomado conhecimento da notícia de que a Câmara Municipal de Lisboa cometeu uma falta que merece bem um castigo. É que, ao lhe ter sido oferecido por escritura notarial uma quinta de grande valor dada a sua posição nesta cidade, por um proprietário que fez essa operação em contrapartida de uma autorização para ele também poder construir, tal gesto foi tido com a condição explícita de aquele terreno seria destinado exclusivamente à construção de equipamento social.
O que sucedeu, porém, foi uma coisa muito diferente. O Município lisboeta destinou aquele espaço valioso à venda livre, acabando por ser integrado num projecto pertencente a uma empresa que até é pertença do milionário do jogo nos casinos, Stanley Ho, o que lhe rendeu uma fortuna que ingressaram nos cofres camarários e espera-se bem que não tenha dado lucros a nenhum interveniente, como acontece tantas vees.
Como seria de esperar, o antigo dono do terreno moveu um processo contra o abuso camarário e durante anos o caso arrastou-se nos tribunais. O costume! Até que chegou a altura de a decisão judiciária sair e em que a C.M.L. ficou condenada a pagar ao antigo doador um montante que atinge os 119 milhões de euros. Como sempre sucede, uns cometem as faltas e mais tarde são outros que têm de suportar as consequências, se bem que não lhes saia do bolso os prejuízos que terão sido provocados.
Ora aqui está uma actuação de homens que, neste caso, pertencem ao município lisboeta, que tendo procedido mal, não foi por sua própria iniciativa que o erro foi reconhecido. Trata-se de um mau exemplo, pois que não foi emendada a mão pelo próprio organismo que, sobretudo por ser uma organização oficial, uma Câmara Municipal, maior motivo deveria ter para reconhecer o erro que cometeu.
Tanta coisa por esse mundo fora em que o ser humano, escondendo a consciência para não ter que dar o braço a torcer e, especialmente quando os prejuízos que poderão resultar dos maus gestos não tocam directamente nos seus bolsos – como sucede sempre que não é chamada à responsabilidade a personagem pública que deveria responder pela sua má actuação -, deixa que as situações se prolonguem pelos tempos fora e, de uma maneira geral, até quando saem as decisões nos tribunais já os intervenientes terão partido para outras funções ou até para o outro mundo.
Ainda a tempo, porque o assunto continua sem solução, dado que a socialista Ana Gomes, política polémica que tem dado provas de que não foge a tocar em temas que, alguns deles tocam em figuras que se encontram mais ou menos protegidas, a questão dos submarinos, cujo pagamento muito pesa no orçamento nacional, tema este a que eu me tenho dedicado neste meu blogue e em que não se vê o Governo actuar por forma a retirar todas as dúvidas sobre eventuais e mais que certas corrupções que tiveram ocasião devido à referida compra de submersíveis que, só quando existe desafogo financeiro é que se poderia encarar, essa escandalosa aceitação de um contrato que, apesar de obrigar a que o pagamento do elevado custo dos navios dever ser feita através de compras de produtos nacionais, tal não se cumpriu, pois essa situação e a quem cabem as responsabilidades, isso é que não se descortina, o que tem de levar os portugueses, tão aflitos com as enormes dificuldades que lhes são impostas, a insurgirem-se fortemente – era o que devia acontecer, mas as greves só servem para outras coisas -, mas tal não se verifica e assim ficamos a aguentar o que nos é imposto por uma administração que finge que está acordada.
E é neste ambiente que todos nós temos de viver!
E se esse erro foi o de não ter conseguido reconhecer que os comportamentos dos outros merecem ser atendidos com complacência, por muito inquietantes e penosos que eles sejam, metendo a mão na consciência e verificando que nós mesmos, muitas vezes sem nos darmos conta disso, procedemos da maneira menos recomendável e sem termos a humildade suficiente para nos compenetrarmos que errar todos erram, ficamos com uma determinada amargura que talvez possa servir para uma tentativa de emenda e um procedimento seguinte bem mais aceitável.
Este desabafo saiu-me depois de ter tomado conhecimento da notícia de que a Câmara Municipal de Lisboa cometeu uma falta que merece bem um castigo. É que, ao lhe ter sido oferecido por escritura notarial uma quinta de grande valor dada a sua posição nesta cidade, por um proprietário que fez essa operação em contrapartida de uma autorização para ele também poder construir, tal gesto foi tido com a condição explícita de aquele terreno seria destinado exclusivamente à construção de equipamento social.
O que sucedeu, porém, foi uma coisa muito diferente. O Município lisboeta destinou aquele espaço valioso à venda livre, acabando por ser integrado num projecto pertencente a uma empresa que até é pertença do milionário do jogo nos casinos, Stanley Ho, o que lhe rendeu uma fortuna que ingressaram nos cofres camarários e espera-se bem que não tenha dado lucros a nenhum interveniente, como acontece tantas vees.
Como seria de esperar, o antigo dono do terreno moveu um processo contra o abuso camarário e durante anos o caso arrastou-se nos tribunais. O costume! Até que chegou a altura de a decisão judiciária sair e em que a C.M.L. ficou condenada a pagar ao antigo doador um montante que atinge os 119 milhões de euros. Como sempre sucede, uns cometem as faltas e mais tarde são outros que têm de suportar as consequências, se bem que não lhes saia do bolso os prejuízos que terão sido provocados.
Ora aqui está uma actuação de homens que, neste caso, pertencem ao município lisboeta, que tendo procedido mal, não foi por sua própria iniciativa que o erro foi reconhecido. Trata-se de um mau exemplo, pois que não foi emendada a mão pelo próprio organismo que, sobretudo por ser uma organização oficial, uma Câmara Municipal, maior motivo deveria ter para reconhecer o erro que cometeu.
Tanta coisa por esse mundo fora em que o ser humano, escondendo a consciência para não ter que dar o braço a torcer e, especialmente quando os prejuízos que poderão resultar dos maus gestos não tocam directamente nos seus bolsos – como sucede sempre que não é chamada à responsabilidade a personagem pública que deveria responder pela sua má actuação -, deixa que as situações se prolonguem pelos tempos fora e, de uma maneira geral, até quando saem as decisões nos tribunais já os intervenientes terão partido para outras funções ou até para o outro mundo.
Ainda a tempo, porque o assunto continua sem solução, dado que a socialista Ana Gomes, política polémica que tem dado provas de que não foge a tocar em temas que, alguns deles tocam em figuras que se encontram mais ou menos protegidas, a questão dos submarinos, cujo pagamento muito pesa no orçamento nacional, tema este a que eu me tenho dedicado neste meu blogue e em que não se vê o Governo actuar por forma a retirar todas as dúvidas sobre eventuais e mais que certas corrupções que tiveram ocasião devido à referida compra de submersíveis que, só quando existe desafogo financeiro é que se poderia encarar, essa escandalosa aceitação de um contrato que, apesar de obrigar a que o pagamento do elevado custo dos navios dever ser feita através de compras de produtos nacionais, tal não se cumpriu, pois essa situação e a quem cabem as responsabilidades, isso é que não se descortina, o que tem de levar os portugueses, tão aflitos com as enormes dificuldades que lhes são impostas, a insurgirem-se fortemente – era o que devia acontecer, mas as greves só servem para outras coisas -, mas tal não se verifica e assim ficamos a aguentar o que nos é imposto por uma administração que finge que está acordada.
E é neste ambiente que todos nós temos de viver!
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