quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ESSE SER HUMANO!...


QUEM ACOMPANHA com alguma regularidade o meu blogue diário tem consciência de que a opinião que expresso quanto ao ser humano não é de completo apreço pelos seus actos, reconhecendo, no entanto, que, ao longo da existência desde milhares de séculos para trás e até aos dias de hoje, as raras excepções não são suficientes para que passe a ter outro conceito em relação ao seu comportamento. Afirmo isto com grande revolta contra mim mesmo, não só porque sou também um desses seres, mas igualmente devido ao facto de, com frequência, ter o desejo de mudar de ponto de vista e de encontrar razões para que me considere equivocado no conceito que faço sobre os mais de 6 mil milhões de criaturas que pisam nesta altura a crosta terrestre.
No entanto, se sem qualquer tipo de complexos metermos a mão na consciência, até porque com esse acto talvez possa, cada um de nós, procurar contribuir para que ainda mais alguma coisa de menos bom continue a sair das cabeças dos nossos governantes, talvez cheguemos à conclusão de que a maior parte de conflitos, desentendimentos e até guerras monstruosas que a História de todas as parte do mundo nos tem relatado, têm origem na falta de acordos e de diálogo amistoso entre as partes que se encontrem em confronto, por os lados opostos não desejarem que sejam consideradas cada uma mais fraca do que o opositor. A vaidade humana situa-se sempre em primeiro lugar e os resultados que se têm verificado nas milhentas ocasiões em que se impõe chegarem a acordo, esses situam-se na área das costas voltadas, quase sempre com prejuízo para todos os dissidentes.
Porquê venho eu agora com esta lamúria? Pois é perante a situação que se contempla na Europa dos nossos dias, em que, após se terem formado sucessivamente agrupamentos que têm a aparência e o propósito de juntar interesses dispersos, tendo-se já chegado à junção de 27 países que se comprometeram a seguir normas comuns, essa intenção não atingiu ainda – e existem muitas dúvidas sobre se alguma vez lá se chegará – o ponto em que se verifique a mais perfeita irmandade, a fim de os mais favorecidos estenderem as mãos aos que dão mostras de necessitar de auxílio, ainda que seja por falta de qualidade de actuação dos que são tidos como responsáveis.
Como já sucedeu noutras ocasiões no passado, tendo mesmo como exemplo o que constituiu o início da última guerra mundial e que foi precisamente neste nosso Continente que a ambição de estender o poder para além das fronteiras que cabiam aos que deram azo a tal carnificina, nesta altura, esse passo acabou por envolveu muitos países e povos, tanto na Europa como no resto do Planeta.
Mas, nesta altura, seria de esperar que os políticos de agora tivessem aprendido alguma coisa com os conhecimentos da História. E que, face ao que se atribui à crise – também ela consequência da má actuação dos homens -, enchendo-se tanto a boca de CEE, de Mercado Comum, de Comunidade Europeia e mesmo da vontade de nascer uma espécie de Estados Unidos da Europa, se verificasse uma completa unidade que não pudesse vir a ser a causa da destruição de um sonho que, tendo a maior razão de se tornar realidade, o que se contempla em cada dia que passa é que não se mantém o egoísmo de uns tantos parceiros desta zona do mundo que não desejam abdicar de alguma parte do seu poder e que, pelo contrário, se aproveitam de ser mais favorável a sua posição económica, territorial e financeira para aumentar o poderio de que gozam, ainda que, diga-se a verdade, essa situação favorável seja devida a uma melhor governação que protegeu os seus habitantes do pior da crise.
Portugal, como é mais do que conhecido, devido à péssima actuação dos seus governantes dos últimos anos, encontra-se na posição de ter de aguardar pela ajuda que lhe seja dada, por muito que os que cá se encontram no pelouro do comando façam por esconder essa realidade. E é agora que o encosto que venha do exterior, ainda que as orientações também tenham de nos ser dadas por outros que não portugueses, é urgente. Mas a Europa está a faltar, quer no quer a nós diz respeito como a outros países que, em idênticas circunstâncias, pelo que a nossa posição agora é de expectativa.
E, no que se refere ao (des)entendimento dentro das nossas próprias portas, entre os vários grupos políticos que são a base da Democracia, como nos podemos admirar por se assistir à falta de criação de agrupamento de países comunitários se, no que nos toca cá em casa, cada um puxa para o seu lado e o encontrarem-se soluções comuns é o mais difícil de se conseguir? Preocuparmo-nos com o bem geral, com o futuro de Portugal, ainda que isso obrigue a capitular de interesses pessoais ou de pequeno grupo, isso é que o Homem só muito raramente leva em atenção tal bem-fazer.
A situação portuguesa neste preciso momento que se atravessa deveria fazer com que todos nós, os que somos naturais e habitantes deste Rectângulo, puséssemos de lado convicções ideológicas, preferências casuais, interesses pessoais, apelando única e exclusivamente ao que é necessário empreender para que possamos sair, mesmo que só com grande dificuldade, do profundo “buraco” em que nos encontramos. E, se não existisse outra razão, pensássemos no panorama que espera os nossos vindouros, ao inferno em que vão viver ao longo de toda uma geração e ao desprezo que nascerá nas suas cabeças em relação a todos nós, os que, nesta altura, não fomos capazes de evitar tamanha situação dramática.
A dúvida está em saber se os causadores principais do descalabro a que chegámos, o Sócrates, o Teixeira dos Santos e, no fundo, todos os que, desde o momento em que se deveria ter enfrentado com competência a situação, não foram capazes de ter dado mostras de que não seguiam as pesadas de um chefe que, eu bem aviso, quando sair do pelouro irá encontrar uma situação de resguardo que o libertará de problemas e de pedido de responsabilidade por toda uma população, grande parte dela a que até votou na sua eleição… no segundo mandato!
Eu, por mim me declaro, também sou culpado!… Haja quem não tema meter também a mão na consciência.

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