JÁ HÁ BASTANTE TEMPO que cheguei à conclusão de que todas as escritas que produzo, não só neste blogue mas também em múltiplas intervenções que deixo espalhadas, não se destinam a ensinar nada mas, pelo contrário, servem para eu próprio aprender alguma coisa. O facto de ser obrigado a reflectir o suficiente para que as ideias saiam o mais escorreitas possível, esse esforço resulta de um recurso à memória e de transportar o que estava armazenado em conteúdos trabalhados para o que julgo valer alguma coisa na altura em que escrevo. É evidente que não se trata, propriamente, de aprender coisas novas, mas resulta de se aplicar a atenção em matérias que, se não fossem transcritas, passariam quase despercebidas no recôndito do meu pensamento.
Porém, conscientemente reconheço que, o facto de se encontrar passada a juventude, e o tempo decorrido até à data ter aglomerando acontecimentos que, com erros e com acertos, formou um certo armazém de sabedoria que ajuda a reflectir com mais clareza e a permitir uma base de escolha relativamente fértil, essa circunstância leva-me a desabafar perante o computador.
Concretamente hoje, que não me surge o apetite de focar temas da actualidade, pois, por muito que eu busque fazer apelo a temas simpáticos que ainda por aí ocorram, não só nesta Terra mas ao longo do Planeta, a verdade é que se torna difícil descobrir, no meio do vasto noticiário que a comunicação transporta até nós, alguma coisa que possa mostrar um panorama de felicidade e de bem-estar dos homens. Estejam eles onde estejam e com exclusão dos felizardos que sempre ganham com as crises e com as desgraças da maioria.
E como vivemos uma época em que as distâncias já quase não contam, tudo leva segundos a passar de um continente a outro e, como é maior o número de más notícias que são difundidas, constitui uma raridade divulgar um acontecimento que deixe os seres humanos mais confiantes em relação ao futuro que os espera. Sobretudo aquilo que é oferecido aos vindouros.
Recordar-me eu de que, para ir, por exemplo, a Angola, tardava uma semana, ainda que fosse uma viagem relativamente cómoda num navio como o “Vera Cruz”, e hoje, por avião dos modernos – porque os primeiros também não constituíam assim uma experiência tão agradável -, esse trajecto até dá para dormir e acordar já no destino, ter essa experiência, como ocorreu comigo mais de uma vez, e em que, para cumprir a tarefa de jornalista em terras angolanas, para fazer uma reportagem para uma publicação nacional, tinha de utilizar o correio aéreo para enviar os escritos, pois nessa altura nem sequer existia ainda o fax, e em que recebi por telegrama a notícia de que tinha de reescrever 42 páginas, porque as anteriores tinham sido impedidas pela Censura, ao remexer na memória tais acontecimentos ou outros não posso fugir a certa confusão na minha cabeça, ao ponto de não conseguir definir se as aventuras jornalísticas desse período eram mais desafiantes do que as ocorrem hoje.
Daí que, quando me entusiasmam a escrever as minhas memórias, eu faço sempre um exame sobre se valerá a pena, numa fase da vida actual em que as gentes de hoje, especialmente os que nasceram já depois do 25 de Abril, despertar o seu interesse e se serão até capazes de meter-se na pele dos que sofreram as consequências da ditadura que nos limitava, a nós, os que, por motivo das profissões que exercíamos, roçávamos os cotovelos com os que se encontravam ao serviço do esquema então em vigor. E muitos deles houve que, depois do movimento revolucionário, apanharam o comboio em andamento e se imiscuíram nos “democratas” como coisa sua!
Provavelmente teria valido a pena, em vez desta recordação, prosseguir com apreciações ao que se passa nesta altura. Mas, olhem, foi uma variante. Peço desculpa.
Porém, conscientemente reconheço que, o facto de se encontrar passada a juventude, e o tempo decorrido até à data ter aglomerando acontecimentos que, com erros e com acertos, formou um certo armazém de sabedoria que ajuda a reflectir com mais clareza e a permitir uma base de escolha relativamente fértil, essa circunstância leva-me a desabafar perante o computador.
Concretamente hoje, que não me surge o apetite de focar temas da actualidade, pois, por muito que eu busque fazer apelo a temas simpáticos que ainda por aí ocorram, não só nesta Terra mas ao longo do Planeta, a verdade é que se torna difícil descobrir, no meio do vasto noticiário que a comunicação transporta até nós, alguma coisa que possa mostrar um panorama de felicidade e de bem-estar dos homens. Estejam eles onde estejam e com exclusão dos felizardos que sempre ganham com as crises e com as desgraças da maioria.
E como vivemos uma época em que as distâncias já quase não contam, tudo leva segundos a passar de um continente a outro e, como é maior o número de más notícias que são difundidas, constitui uma raridade divulgar um acontecimento que deixe os seres humanos mais confiantes em relação ao futuro que os espera. Sobretudo aquilo que é oferecido aos vindouros.
Recordar-me eu de que, para ir, por exemplo, a Angola, tardava uma semana, ainda que fosse uma viagem relativamente cómoda num navio como o “Vera Cruz”, e hoje, por avião dos modernos – porque os primeiros também não constituíam assim uma experiência tão agradável -, esse trajecto até dá para dormir e acordar já no destino, ter essa experiência, como ocorreu comigo mais de uma vez, e em que, para cumprir a tarefa de jornalista em terras angolanas, para fazer uma reportagem para uma publicação nacional, tinha de utilizar o correio aéreo para enviar os escritos, pois nessa altura nem sequer existia ainda o fax, e em que recebi por telegrama a notícia de que tinha de reescrever 42 páginas, porque as anteriores tinham sido impedidas pela Censura, ao remexer na memória tais acontecimentos ou outros não posso fugir a certa confusão na minha cabeça, ao ponto de não conseguir definir se as aventuras jornalísticas desse período eram mais desafiantes do que as ocorrem hoje.
Daí que, quando me entusiasmam a escrever as minhas memórias, eu faço sempre um exame sobre se valerá a pena, numa fase da vida actual em que as gentes de hoje, especialmente os que nasceram já depois do 25 de Abril, despertar o seu interesse e se serão até capazes de meter-se na pele dos que sofreram as consequências da ditadura que nos limitava, a nós, os que, por motivo das profissões que exercíamos, roçávamos os cotovelos com os que se encontravam ao serviço do esquema então em vigor. E muitos deles houve que, depois do movimento revolucionário, apanharam o comboio em andamento e se imiscuíram nos “democratas” como coisa sua!
Provavelmente teria valido a pena, em vez desta recordação, prosseguir com apreciações ao que se passa nesta altura. Mas, olhem, foi uma variante. Peço desculpa.
Sem comentários:
Enviar um comentário