domingo, 10 de janeiro de 2010

PROFESSORES SOSSEGARAM?



ESTÁ PROVADO que, afinal, não é impossível terminar com os descontentamentos dos cidadãos e pôr fim às manifestações de que certos grupos dão mostras, levando para a rua as suas revoltas em relação às decisões governamentais. O caso dos professores que, ao longo de muito tempo, mantiveram posições conflituosas quanto ao que o Ministério da Educação impunha, tendo sido necessário substituir a ministra mesmo aproveitando-se a tomada de posse do novo Governo de Sócrates, o que acaba de ocorrer com o acordo firmado entre a FENPROF e todos os sindicatos que envolvem os profissionais do ensino e a autoridade governativa, agora com Isabel Alçada a tomar conta da referida pasta, esse “final feliz” encontrado pelas duas partes, acontecimento tão propagado, só prova que há formas de arrumar as discórdias e de colocar as frentes em litígio de comum acordo.
Dito isto, só resta apurar quem saiu da quezília com a satisfação total de ter obtido valorizados os seus pontos de vista. Se o Governo nesta fase, que a anterior ministra fez tanta questão em não ceder no que dizia respeito aos argumentos que considerava intocáveis, ou se os sindicatos que, pela mão do seu representante aquele que surgiu sempre a dar mostras da sua intolerância em relação ao que era sistematicamente reclamado, Manuel Nogueira. Tendo fechado o diferendo ao cabo de várias horas da última reunião, pode-se concluir daqui que estão terminadas as reclamações dos professores? E isto porque não se escondeu que, depois dos apertos de mão de alegria que as televisões transmitiram, as 14 organizações sindicais dos professores encontram-se divididas no que diz respeito ao resultado das negociações e particularmente quanto ao reposicionamento dos docentes na futura carreira. No fundo, tudo a dizer respeito às classificações de bom e excelente a atingir nos topos das carreiras. Que foi essa a preocupação de sempre.
Quem não se encontra envolvido directamente nesta luta que tem posto em confronto uma profissão que, afinal, diz respeito ao ensino em Portugal, ensino esse que, por aquilo que os mais antigos, aqueles que estudaram sem as regalias que hoje existem, entre elas a de que não podiam exceder dez ausências por aula, por ano lectivo e em cada cadeira, sob pena de “perderem por faltas” – expressão que hoje não é muito conhecida -, quem, repito, foi estudante há muitos anos tem dificuldade em entender, por múltiplas comparações, que isso de os professores lutarem por melhorias das suas classificações até se aceita, mas o nada que dão a conhecer no que se refere ao concreto do pouco que se aprende nas aulas, o que nos afasta bastante dos níveis que são atingidos noutros países, quanto a isso teremos todos nós, que não fazemos parte já do grupo dos estudantes, de nos interrogar se a sua luta tem razão de ser sendo apenas limitada à sua própria valorização de carreira.
A profissão de professor é das que precisam de ser mais valorizadas, mas, no que diz respeito à formação dos nossos homens de amanhã, isso é igualmente importante para cuidarmos do futuro do nosso País. Pensemos nos dias de hoje, mas não nos descuidemos quanto aos que cá ficam para poder emendar os inúmeros erros de hoje.

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