sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

TRISTE NATAL




Fiz hoje esse exercício. Pus-me a percorrer vários ponto de Lisboa, aqueles que maior número de pequenas lojas de todas as espécies de produtos mostram estar em pleno exercício das suas funções, especialmente nesta época pré-natalícia. Andei pela Baixa, desloquei-me até à zona de Benfica, andei pelo bairro de Alcântara e, obviamente, não podia deixar de passar por Campo de Ourique, que tem fama e proveito de ser um local onde existe uma larga gama de estabelecimentos que representam tanto as marcas de primeira linha como se tratam de lojas que são caracterizadas pelos seu conteúdo popular.
Pois então, fiz esse exercício e fiquei identificado com o que se passa neste período que, normalmente, representa o maior desenvolvimento de negócio de todo o ano. Confirmei aquilo que me parecia inevitável: as lojas vazias de freguesia, com os empregados encostados aos balcões, tristemente à espera que desejados compradores surgissem para fazer funcionarem a caixa, pouco que fosse, mas que animasse um pouco o ambiente.
De facto, não se trata de uma crise teórica, de números e de percentagens que surgem nos noticiários, de hipotéticas reduções nos gastos dos portugueses. Natal como este nunca tinha vista de tal maneira, pois apenas os grandes centros comerciais, que também foram objecto da minha apreciação, deram mostras de certo movimento, muito embora me tivesse ficado a impressão de que uma boa parte dos frequentadores se tivesse ali deslocado apenas com o propósito de analisar o movimento e de tomar conta dos preços de uma ou outra coisa que, eventualmente, ainda coubesse no parco orçamento.
Enfim, triste panorama se observa neste Portugal de que Lisboa dá uma amostra. Depois de um período pós-revolucionário e que durou ainda bastante tempo, tendo-se arrastado até há relativamente poucos anos, especialmente também devido às ajudas que, anualmente, a Europa prestou ao nosso País – muito embora se tenham escapulido milhões para mãos que não se sabe bem a quem pertencem -, após esse período em que os portugueses andaram com a sensação de que estavam todos ricos, gastando-se à tripa forra em muita coisa que bem poderia esperar por uma época mais segura, quase de repente surgiu a tão amaldiçoada crise, em que os bancos, por culpa dos seus responsáveis, não souberam usar a cabeça inebriada pelos vastíssimos lucros que estavam a obter à custa de juros de empréstimos selvagens, de repente, como que na queda de um raio, todos nós constatamos que os bolsos estvam vazios e, pior do que isso, que não sabemos como ir buscar recursos para ultrapassar tanta maldição.
Ontem, neste local, referi-me a Medina Carreira e aos seus prognósticos. Começo a pensar que o economista e antigo ministro não anda muito longe da verdade. O último a sair que apague a luz!

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