A aparência visual de um indivíduo é muito levada em conta no relacionamento que é tido em sociedade. Nas mulheres, essa característica é mais forte e será por isso que as modas no vestuário têm muito maior influência no sexo feminino do que nos parceiros contrários. Esta é uma verdade de La Palisse que não acrescenta nada ao que é sabido por toda a gente.
É evidente que as classes sociais a que pertencem uns e outros contam de forma decisiva quanto a essa preocupação de acompanhar o que está a ser mais usado, não sendo, por isso, de estranhar que exista uma camada substancialmente elevada de mulheres que não anda ao corrente do que se usa em cada temporada, por desinteresse ou por obrigação do baixo nível de vida que suportam. Já quanto aos homens, ainda que seja cada vez menor o número de indivíduos que não acompanha o que surge como mudança no vestuário e também a forma de apresentar o cabelo, mesmo assim o conservadorismo, ou seja a maneira de se apresentarem, quer no trabalho quer noutra situação diária, esse matem-se e existem mesmo empresas que exigem que os seus funcionários se apresentem sempre de casaco e devidamente engravatados.
Posto isto, há que referir os modernistas, para se lhes dar um nome, que são aqueles que, por exemplo no penteado, têm o maior cuidado em ir mudando as suas popas no cabelo ao sabor do que está a ser a forma de figuras masculinas conhecidas surgirem nas fotografias. Mas, para além disso, o trajar também vai sofrendo mudanças, ao ponto de, nas recepções que se realizam por aí, mesmo que no convite esteja indicado o uso de fato escuro, uma enorme quantidade de gente, de facto a mais nova, surja só de camisa, sendo certo que se trata desse vestuário dito de marca, de cores garridas, com muitas fantasias empedradas, o que elimina, logo à partida, o uso do casaco. Há um exemplo que está a ser muito seguido e que é transmitido por uma figura que tantos utilizam como exemplo: o caso de Herman José.
Mas, a razão deste meu texto hoje tem a ver com um acréscimo de vestuário masculino que, de dia para dia, se está cada vez mais a pôr de parte: a gravata.
Todos nós acompanhámos mais de uma geração de vida em comum e assistimos à obrigação de os homens, fosse qual fosse a sua profissão, não sendo mesmo necessário que se tratasse de actividades de nível superior, terem de levar, apertado no colarinho, a gravatinha, ainda que, por vezes, se apresentasse já em condições definitivas de uso. Os governantes então, seria impensável vê-los sem esse adereço e, no tempo de Salazar, era conhecido que até chapéu eram obrigados a levar, nem que fosse na mão. Um ministro que se prezasse não andava de cabeça à mostra!
Só que os tempos correm depressa, as gravatas, especialmente no Verão, começaram a ser deixadas nos armários e hoje, até as reuniões alto nível, as próprias cimeiras da União Europeia, e, entre nós, na própria Assembleia da República, já é possível ver os deputados em mangas de camisa e desgravatados. O próprio Presidente da Republica, só ou acompanhado do primeiro-Ministro, ambos têm surgido nas fotos e perante as câmaras de televisão em amplo à-vontade, evidentemente em actos que não exigem rigoroso protocolo.
Este desprendimento de vestuário pode querer representar que nos estamos, em Portugal, a afastar do convencionalismo, o que poderá representar que estamos a deixar para trás a burocracite que tanto invade as cabeças do sector público.
Se assim for, eu, por meu lado, felicito os indivíduos formais que estão a ser capazes de acompanhar as modernices, mesmo que nos divirtam aquelas figuras que, sendo ainda raras, deixam os homens confusos sobre a sua verdadeira interpretação do sexo a que pertencem. Mas, é lá com eles. Se não se importam de provocar essa confusão e se até tiram proveitos materiais com o seu aspecto, pois que continuem. Não lhes chamem é palhaços, pois, da minha parte, tenho o maior respeito por uma profissão antiga que exige grande dedicação para se atingir um ponto alto na classe a que pertencem. Esses até podem usar gravatas que caem do colarinho até ao chão, e não é por isso que lhes recusamos o apreço que merecem.
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