sexta-feira, 8 de agosto de 2008

DESMISTIFICAÇÃO


Eu quero que quem me observa
Acabe com má ideia
Que poesia conserva
De tristeza a mão cheia

Não senhor, não é verdade
Que o pessimismo impere
E que se incuta a vontade
De só ver o mal que fere

Alguma angústia, é certo
Invade a poesia
Nem de longe, nem de perto
Constitui a maioria

Cá por mim posso falar
Faço esforço quando escrevo
Ficarei no limiar
Da desgraça e do enlevo

Por vezes me escapa a mão
P’ra lágrimas e suspiro
Sendo assim peço perdão
Tudo que disse retiro

No fundo há sempre fé
Que amanhã seja melhor
A vida é o que é
Antes assim que pior

Afinal o que é verdade
É que os poemas chorados
Dão mais ar de piedade
Levam mais longe os recados

Ao reler o que está escrito
O triste encontro mais
Pois perdura no que é dito
E lido em jogos florais

Quero que fique bem claro
Não sendo um contentinho
Também não sou tão amaro
Com a mente em desalinho

Basta de falar de mim
O que importa é o mundo
Com seu princípio e fim
E coisas belas em fundo

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