terça-feira, 5 de agosto de 2008

ANIMAIS NOSSOS AMIGOS


Não é fácil retirarmos de uma pessoa que passamos a conhecer as suas características, aquilo que se chama de índole. Normalmente, o ser humano, na sua primeira impressão, mostra-se simpático, agradável, cooperante na conversa. Por aí não se fica a saber grande coisa ou, quando muito, a imagem que nos é deixada é de uma companhia afectuosa e que apetece
manter como amigo.
No entanto, há um pormenor que, se vem a talho de foice, faz abrir um pouco as portas do interior do novo conhecido: é falar de animais e ficar a saber se aqueles que consideramos nossos amigos suscitam algum sinal de afeição da sua parte. Quem é verdadeiramente afeiçoado a qualquer ser vivo e, naturalmente, em particular quanto aos irracionais que nos rodeiam na vida do dia a dia, de uma forma geral – o que não quer dizer que não haja excepções -, pode-se considerar como sendo uma pessoa que merece mais confiança, no capítulo da sua formação moral, chamemos-lhe assim.
Eu, pelo menos, tenho este princípio como regra de convivência e raramente me equivoquei na apreciação.
Quem tem como companhia – porque as condições em que vive permitem oferecer o mínimo de movimentação do seu amigo de quatro patas - um cão ou um gato que, habituados como estará ao local onde se instalou, considera as instalações como sendo a sua casa, sem ser necessário muito tempo constata que essa sua companhia lhe tem uma afeição que qualquer outro animal racional não demonstra tão abertamente. Saltar para o colo, pedir festinhas, acompanhar para todo o lado, mesmo dentro da própria casa, o seu dono, é atitude que não se espera que um racional faça. Essa afeição quase doentia que o nosso protegido sente, não se encontra nos humanos, mesmo quando se declaram entre dois sexos paixões juradas“até â morte”.
Vem este texto a propósito de quê? Da notícia saída hoje na Imprensa de que, três em cada quatro cães são abatidos no canil municipal de Lisboa. E acrescenta a nota de que o canil/gatil alberga em média cerca de 150 animais. E que o forno crematório funciona, em média, cinco vezes por dia naquele local.
Nem é preciso perguntar como é que tantos animais vão parar ao que é o seu destino fatal. São abandonados pelos donos ou encontrados em residências com condições insalubres e, no caso dos cães, geralmente presos com correntes, já sem comida e água por perto. É horroroso tomar conhecimento destes casos, mas que eles existem, disso há a certeza.
Pelo menos, garantem-me, no Canil Municipal os animais que são mortos, antes são eutanasiados, coisa que, tempos antes, não sucedia.
São as compensações das más acções dos homens. Se a maldade humana vai ao ponto de abandonar um ser com quem conviveu – ou porque foi seu parceiro na caça, o mais vulgar, ou porque passou a ser um incómodo e se fartou do animal que recebeu em pequenino e depois, naturalmente, cresceu -, não se pode esperar dessa chamada “pessoa” que seja aquilo que vulgarmente chamamos de “bem formada”.
Por isso eu comecei este texto com a apreciação que faço dos indivíduos que passamos a conhecer quando nos são apresntados.

1 comentário:

Anónimo disse...

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