segunda-feira, 7 de julho de 2008

MUDANÇA?

A circunstância de ter surgido Manuel Ferreira Leite como protagonista do lugar de primeira figura do PSD, já produziu os seus efeitos. O tempo dirá se o País vai beneficiar desta mudança de presidente do principal partido da oposição ou se tudo vai ficar como dantes, ou seja sem melhorias nas condições difíceis em que vive a grande maioria do povo português.
Aquilo que não tinha sucedido antes, com a passada mudança no mesmo partido, que, de facto, não deu também para grandes alterações do panorama, parece que, desta vez, provocou em José Sócrates alguma perturbação e os cidadãos que assistiram à entrevista que proporcionou na televisão ficaram, ao que parece, com a sensação que o primeiro-Ministro, mesmo quase sem tempo para se preparar para uma etapa diferente da que tem estado a viver ao longo das funções que tem desempenhado sem grandes estorvos de adversários, sofreu um abanão que o obrigou a mudar de forma de apresentar os problemas, pelo menos dando ares de menos convicção de que está sempre no caminho certo e que os outros é que andam constantemente equivocados. Notou-se, pois, uma dose de modéstia que não se conhecia na forma de se mostrar de Sócrates.
Não creio que tenha tido absoluta influência a triste ocorrência da doença do seu irmão, o que, a dar-se, também se justifica e se lastima. Eu, por mim, levo esta alteração à conta de uma necessidade de sustentar o seu posto e de fazer diminuir as evidentes e públicas manifestações de desagrado que, já mais por uma vez, o público de rua fez questão de não ocultar.
Mas deixem-me também assumir um papel numa tão evidente mudança no aspecto e na fala de José Sócrates. As críticas escritas não têm faltado, sobretudo com evidente influência de tendências partidárias contrárias. E essas, na maior parte das vezes, evidenciam em excesso uma posição política que se situa bem longe daquilo que o Partido Socialista pratica. O que, levando em conta tais antologias ideológicas, diminui alguma coisa o valor das críticas.
Tenho consciência de que, nos meus escritos nestes blogues, tenho fugido a tomar posições dogmáticas. Preocupo-me com o Homem e não com o político. Nas circunstâncias tão difíceis em que Portugal se encontra, o que importa, segundo o meu ponto de vista, é que a pessoa que dirige os destinos da Nação olhe, acima de tudo, para o Portugal tal como ele se encontra e coloque em segundo lugar as teorias ideológicas que poderão influenciar, eventualmente, as medidas que há a tomar em cada caso (se bem que, se dedique mais a um socratismo do que a qualquer socialismo!)
E é por isso, que já divulguei o meu conselho: o de Sócrates não ter a seu lado alguém que seja um dos “lambe botas” que aplaudem tudo o que o “patrão” faz e diz. Que, em vez disso, tenha quem lhe chame a atenção para a forma como diz, como faz e como se comporta perante o povo, que esse quer saber as verdades, mesmas as mais duras e não se interessa por percentagens, por afirmações vaidosas, por promessas de acções que se sabe que não há dinheiro para as levar a cabo.
Falar verdade, abertamente, com simplicidade, com modéstia, sem medo de se culpar, de vez em quando, por erros cometidos, essa posição só lhe fará recuperar a simpatia que mostrava ao princípio da sua actuação como primeiro. E, se for preciso, não hesitar em meter na ordem os seus ministros que, se não os quer mandar para casa – nunca para lugares depois ricamente pagos -, pelo menos mostre que não se identifica com as suas “gaffes”.
Isto é o que um antigo jornalista, com centenas de governantes, portugueses e estrangeiros, entrevistados, com uma experiência directa e pessoal de acontecimentos políticos, os antigos horrorosos e os desajeitados que “choveram” depois do 25, é isso que um homem maduro e só interessado em não morrer com o panorama do seu País em tão degradado aspecto aspira.
Se não lhe servir de nada, pois que encontre outra forma de se desenvencilhar da má posição que está à sua espera. Mas, sobretudo, que Portugal não continue a cair cada vez mais no fundo do poço em que, por azar nosso, nem sequer tem petróleo!

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