Os exemplos têm sempre de vir de cima. Se os maiores se sacrificam, nós, os cá de baixo, temos de mostrar maior adesão a todos os esforços que sejam feitos por aqueles que se dispõem a dar tudo pela Nação e pelo bem-estar da Pátria. Esta uma frase que bem poderia figurar em qualquer quadro pendurado nos Passos Perdidos, da Assembleia da República.
Isto vem a propósito das reformas que estão já programadas e que durarão enquanto os 230 parlamentares gozam as suas férias, prolongando-se até meados de Setembro. Tardarão quatro meses, e levando em conta a informação que corre em toda a comunicação social, fica-se a saber que os 230 representantes do Povo, quando regressarem à Sala das Sessões, terão à sua disposição 690 computadores, para além de um terminal destinado a cada um dos respectivos usuários. Tudo isso para juntar aos computadores fixos que cada deputado possui no seu gabinete e ao portátil que lhes é atribuído no início de cada legislatura.
Mas não ficam por aqui as benesses que estão destinadas a Suas Excelências. O ar condicionado será renovado, o som e a iluminação sofrerão melhorias, para além da instalação de dois écrans que serão colocados no local das reuniões Tudo isso não custará mais do que 2,9 milhões de euros, e os trabalhos terão lugar aos sábados e em dois turnos diários.
Não se põe em causa a necessidade de serem prestadas todas as condições essenciais para o bom exercício das funções dos elementos que ali se encontram em nome do Povo. A extrema exigência que tem de estar sempre presente quanto ao excelente desempenho das suas funções – e oxalá sempre assim fosse -, impõe que as condições de trabalho sejam as melhores. Sobre isso ninguém deve levantar dúvidas.
Vamos agora ver se todos aqueles senhores que são eleitos para trabalhar bem em favor da Nação, se todos, repito, (e não apenas alguns, as minorias), vão ser assíduos, cumpridores de todas as suas obrigações e intervenientes em lugar de mudos, como sucede com uns tantos, muitos, de que nunca se lhes ouviu a voz.
Temos de estar bem atentos, porque é o nosso dinheirinho que está em jogo e os tempos que correm e, sobretudo, os que vêm a caminho, não dão para gracinhas.
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