Este programa televisivo que, de uma forma geral, é bem conduzido e em que os temas escolhidos pela apresentadora são de interesse da actualidade, esta segunda-feira que passou, pelo menos a mim, que me cabe neste blogue fazer o comentário, deixou-me completamente desiludido.
Normalmente, o que desperta mais atenção é tomar o peso da qualidade das pessoas que se prestam a fazer os seus comentários e, através delas, ficar com uma ideia daquilo que os portugueses poderão entender quanto aos problemas que os atingem nesta fase concreta da vida da Nação. Quanto mais não seja, através dos aplausos e também dos apupos que alguma assistência dispensa aos interlocutores, muito embora seja pedida contenção pela dominadora do programa, Campos Ferreira.
Mas, deste vez, o ter sido escolhida a matéria para discussão com base no futebol e, neste particular, aquilo que os portugueses podem concluir da sua importância no aspecto de nos podermos “orgulhar” – e uso este termo entre aspas para mostrar bem a minha reprovação quanto ao uso e abuso da palavra como sinónimo de qualidade, em vez de defeito, como acho que lhe compete – por não fazermos má figura nas competições que para aí se realizam,
Faz-me pensar seriamente que ainda haja quem, na situação actual do nosso País, económica, social e politicamente falando, ainda se possa perder tempo a tentar averiguar se o facto dos nossos jogadores de futebol terem andado a cumprir o seu papel com nota positiva, ou seja, não façam má figura perante os seus competidores de diferentes nacionalidades, neste preciso momento, esse facto é motivo para, repito, nos “orgulharmos” de ser portugueses. Enfrento esta realidade e, por mais que deseje desligar-me de tamanha pequenez, não consigo pôr de parte uma dose grande de entristecimento. E o pior é que, à volta da mesa dos intervenientes na discussão e sentados nas filas da plateia, surjam personalidades que parecem estar a acreditar na seriedade do tema e se envolvam convictamente na troca de pontos de vista que, por vezes, chegam a parecer confrontos de adversários que não admitem existirem opiniões diferentes das suas.
Não avanço mais hoje neste meu blogue. Tenho a sensação que a maioria do eventuais leitores deste texto se encontram a apelidar-me de todos os piores apodos que contenham no seu vocabulário. Julgo saber que, na verdade, é fantasmagórico de grande o número de portugueses que colocam em primeiro lugar das suas preocupações os resultados futebolísticos, já não só dos seus clubes predilectos mas, sobretudo, a actuação da selecção que representa o nosso País. Que colocam em lugar secundário, por exemplo, a negativa dada pela Irlanda ao Tratado de Lisboa (que podia ter outro nome, mas que representa um passo na união de interesses da situação complicada dos problemas europeus). Que estão menos incomodados com os vários problemas que não há forma de se resolverem entre nós, e de que já nem vale a pena enunciá-los, pois são sempre os mesmos, como a demora criminosa da nossa Justiça, os erros calamitosos com as obras públicas em que nos metemos e os preços que atingem, a falta de reorganização da administração pública, a saúde pública que não consegue solucionar as doenças dos mais necessitados, a instrução escolar que, apesar das promessas desde a Revolução, tem vindo a criar cada vez mais ignorantes, pois os que querem saber mais e melhor têm de se sujeitar, se têm posses para isso, a ir frequentar universidades estrangeiras – e a Espanha aí está a prová-lo -, enfim, um cem número de coisas que não há Governo, nem este nem nenhum outro até agora, que seja capaz de satisfazer as necessidades urgentes de que carecemos.
Chego a este ponto do texto, que escrevi sem reler – para não me arrepender pela severidade -, e faço de novo a pergunta: por muito que nos possa satisfazer que a equipa nacional de futebol, mesmo que possamos ir ganhando resultados e até, por ventura, vencer finais, essa mínimo prazer pode fazer esconder todas as inúmeras situações que nos colocam no fim das várias filas que se apresentam perante os nossos olhos por essa Europa fora… e fiquemo-nos por aí!
A mim também me satisfaz assistir a uma boa partida de futebol. E, sobretudo, em que os onze que envergam a camisola com as cores nacionais preguem a partida aos adversários, vencendo as contendas. Mas esse acto coloca uma tampa no meu pensamento e faz-me esquecer completamente o resto que constitui a autêntica situação do nosso País, esse que poderá não ser o vencedor de jogos de bola mas que é constituído por um povo a viver com felicidade e a ter um futuro que não surge com o negrume que é o que se apresenta actualmente?
Escuso de responder!...
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