segunda-feira, 23 de junho de 2008

MANUELA FERREIRA LEITE


Esta coisa de confiarmos nas novas tecnologias, nestes aparelhos que mal conhecemos – mas que a miudagem domina como tendo nascido já com toda a ciência aprendida de outra geração -, concretamente isto dos computadores que, quanto a mim, ainda estão por inventar (assim como os telemóveis), pois deveriam poder falar connosco e dar-nos indicações de como resolver os problemas que surgem inesperadamente, repito, esta dependência a que estão sujeitos os mais velhos que, afinal, já não podem passar sem o auxílio que é prestado, particularmente na escrita e no “guardar como”, que tanto espaço poupa para não acumular papeis e para, quando não se perdem nas horrorosas profundidades dos seus inúmeros locais secretos, lá irmos encontrar o que ficou escrito antes, e repito de novo, esta máquina infernal que é útil quando não prega partidas aos velhos, quis, neste final de semana que passou, deixar-me sem aquilo a que, na única língua que utiliza, chamada de Internet, e, quanto a blogues, que é o pouco que aprendi, mesmo mal, quanto a ir-me desenrascando, não pude escrever uma única linha. E se havia coisas para dizer!
Pois bem, fiz um regresso a dois anos atrás e “rapei” do papel em branco e da caneta. E lá comecei a tentar desembrulhar-me nessa prática que tinha deixado pelo caminho, quando escrevia à mão no café e, só depois, passava ao teclado que, esse, nunca perdi a prática trazida dos meus muitos anos de jornalismo escrito com rapidez, dado que havia, nesses tempos, os revisores que se encarregavam das “gralhas” e dos verbos mal colocados. E alguns desses, autênticos mestres da nossa língua, gente que o avanço tecnológico foi fazendo desaparecer, mas faziam o “milagre” de colocar em bom português o que a urgência da notícia muitas vezes deixava passar. Aqui deixo, pois, neste humilde blogue, a minha singela homenagem a tantos rabugentos mas sabedores profissionais que não perdoavam aos jovens jornalistas a ignorância quando a davam a conhecer nos textos que produziam de rajada.
Com todo este preâmbulo, enquanto oiço uma linda valsa de Chopin, tocada pela tão mal reconhecida Maria João Pires, num domingo soalheiro que, dado o escandaloso preço da gasolina obriga a que pensemos duas vezes antes de pormos o carro a trabalhar para nos levar a uma praiazinha, mesmo perto, paras gozar dos prazeres e dos perigos do sol , depois de ter assistido ao Congresso do PSD que uma televisão transmitiu, principalmente para ficar a conhecer aquilo que a Manuel Ferreira Leite tinha para dizer, deitei-me pois ao trabalho de retirar alguns elementos que, por ventura, possam servir para fazermos as nossas contas quanto ao que poderá vir a suceder daqui para a frente, agora que José Sócrates, sobretudo ele, terá de seguir um de dois caminhos: ou, mantém-se indiferente ao que perecem ser ameaças à sua actuação de Governo, continuando a sua política de auto-convencimento de que ninguém é capaz de ser mais eficiente do que ele e que possui a melhor equipa governamental que seria possível conseguir no meio do grupo socialista que domina, ou, pensando melhor e precavendo-se quanto ao futuro que já está à vista, nas próximas eleições parlamentares, começa por dar já uma volta no elenco que tem em seu redor e, simultaneamente, face ao desagrado que grassa por aí quanto à situação económica, política e social que Portugal atravessa, baixa o tom do seu convencimento de que estão todos enganados e que o que se passa por cá não é senão uma pura ilusão dos pessimistas e que, servindo-se das percentagens que tanta gosta de utilizar, mantém que não caminhamos para o descalabro, mas sim para a aproximação desejada dos níveis de vida dos nossos parceiros europeus.
Cabe-lhe a ele a escolha. Depende da sua capacidade de análise, da perda de intransigência, da aceitação dos conselhos dos que o rodeiam e ainda possam ter algum bom senso. E, dentro desta possibilidade, chegar junto do povo português e apresentar, sobretudo com modéstia, com sentido de certa culpa por nem sempre o homem poder acertar, e nestas circunstâncias, dar a conhecer a lista de reformas que ainda poderá estar a tempo de fazer.
Eu, por mim, não tenho nenhum dedo mindinho que me garanta que Manuel Ferreira Leite seja a pessoa com capacidade para levar por diante a lista de erros que, tendo apontado a Sócrates, terá possibilidade de os emendar. A sua actuação nos governos em que participou não me garante nada! Devo dizê-lo com a maior das franquezas. E como gato escaldado de água fria tem medo, é-me lícito rodear-me de todas as dúvidas. Só vendo, como diz o cego!
Que a burocracia administrativa é excessiva, já todos estamos fartos de saber. Também não era preciso realizar-se um congresso qualquer para tomarmos conhecimento de que a distribuição da riqueza em Portugal está escandalosamente mal repartida. De igual forma, referir-se à perigosa lentidão da Justiça cá pelo nosso burgo, é assunto que qualquer cidadão deste País, muito bem conhece, pois já teve de esperar, bem sentado, por resultados saídos dos nossos Tribunais e que tardaram infinidades em aparecer. E, no caso da saúde, claro que não pode ser matéria guardada na gaveta, mas surgir um pretenso futuro primeiro-ministro que não falasse em tão melindroso tema, seria o mesmo que não oferecer aos pedintes uma esmolinha para matar a fome.
Isto, para dizer que a nova presidente do PSD não trouxe novidades. Promessas fê-las, como lhe competia. E até é possível que as suas intenções sejam as melhores. Isto é, que tenha consciência de que os temas em que tocou façam parte das motivações que a levaram a apresentar-se à candidatura do lugar que veio a ocupar. É o caminho para poder vir a conquistar o comando do próximo Governo. E nós cá estamos para desejar que, se o conseguir, cumpra tudo e não surjam depois as desculpas dos que, ao atingirem o cima da escalada, as malditas percentagens logo aparecem,o que dixa o povo confuso e desinformado.
Mas, por agora, só nos resta ter esperança de que José Sócrates esteja a sofrer um susto. Que se deixe de corridinhas para manter o físico e se dedique a desenvolver o cérebro, que o mesmo é dizer, ponha de lado as certezas de que não comete erros, consulte mais os que sabem alguma coisa e não os que andam à sua volta com “louvarinhas” e a comer do orçamento. À grande e à francesa, como se costuma dizer.
Se outro mérito não teve o discurso de Manuela Ferreira Leite, pelo menos este serviço se lhe fica a dever.
E olhem. Este texto que era para sair ontem, ainda quentinho logo a seguir ao Congresso, teve de esperar que o malvado do computador se curasse da maleita que lhe deu. Talvez tenha sido até melhor assim. Deu-me tempo para pensar. E para escrever que, muito preocupado pelo largo tempo que se tem perdido em Portugal com acusações, discursos, lembranças do que se passou,
do que foi mal feito, o que nos resta agora é apenas contiunuar a sofrer e esperar que todos os erros cometidos tenham servido para alguma coisa.
Nós, portugueses, é que não temos capacidade para esperar mais tempo. Não aguentamos, Esvaziaram-se os bolsos. E foi-se-nos a paciência.
Ao menos que se esqueçam por agora e enquanto não voltar de novo a mania das grandezas que são precisos submarinos, que o aeroporto de Lisboa pode ficar mais algum tempo onde está, que só devemos fazer investimentos se os mesmos forem de absoluta primeita necessidade, que deixemos os carros oficiais guardados numa central de automóveis, que vendamos os edifícios, sobretudo e os ocupados com equipamentos militares e usemos esse dinheiro á ajudar a criar indústria que dê emprego a tantos milhares de desocupados, etc., etc. etc.
É que há tanto de útil a fazer, meus senhores, que até se nos cria um aperto na garganta lusitana ao assistir-se às discursatas de total inoperância.
E o que eu tinha para encher este blogue, senhores meus!

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