Como se não bastasse o mau período que Portugal atravessa com as condições difíceis de vida da maioria dos cidadãos, com o aumento sucessivo dos preços de todos os bens de consumo, com o desemprego que não se consegue solucionar, com as pequenas e médias empresas a fechar as suas portas pela impossibilidade que demonstram em ultrapassar a crise que se instalou de forma generalizada, tudo isso acompanhado do desânimo da grande massa de reformados, que assistem a um fim do seu período de vida com cada vez menos possibilidade de subsistirem com as magras verbas que ainda vão recebendo, como se tudo isso não fosse suficiente, as notícias que começam agora a surgir - posto que, não sendo nenhuma novidade, os optimistas tudo têm feito para ocultar o que já há alguns anos é uma evidência - chamam os portugueses à realidade e acrescentam ainda mais esta má-nova ao que todos os dias faz as parangonas dos jornais.
Não, não se trata de de uma demonstração de pessimismo dada por este blogue que, ao contrário do que eu gostaria, tem surgido com mais alertas do que noticiário alvissarado. Trata-se da simples transcrição do que um diário entendeu agora dever transmitir. E, em letras garrafais, lá foi possível constatar que, no ano findo, as mortes em Portugal ultrapassaram os nascimentos ocorridos para cá das fronteiras. E os números publicados indicam que, em contrapartida dos 102.213 nascidos, os óbitos atingiram o número de 103.727.
Isto para mim não causou surpresa. Já me tenho referido, nos meus escritos em diferentes oportunidades, que o nosso País tem andado a fechar os olhos a muitas situações que bem merecem uma atenção mais apurada, mesmo sendo extremamente difícil solucionar alguns desses problemas. E essa situação de, dentro de alguns anos, não chegarem os montantes dos descontos dos que trabalham para suportar os valores das reformas daqueles que já passaram tal período, a falência do sistema, coisa que não está assim tão distante de suceder como os "deixa andar" afirmam, tal calamidade, quando for sentida na pele, só permitirá o choro do desânimo e o desconsolo do que não tem remédio... remediado está!
Mas terão razão aqueles que se insurgirem pelo facto de alguém estar a referir-se agora às desgraças que irão aparecer lá mais para diante. Para quê estar a provocar neste momento o pavor? Há tempo! - dirão. Se, de facto, nesta altura temos já a fome a bater à porta dos portugueses - estou neste momento a assistir a uma reportagem na RTP 1, em que se afirma que foram distribuidos hoje mais de mil toneladas de alimentos, proporcionados por um peditório que ocorreu esta manhã à porta dos supermercados lisboetas, para "matar a fome" a inúmeras famílias nacionais que já se encontram, em tão dramática situação -, se a situação que enfrentamos hoje já é deste teor, para quê aumentar ainda mais a canção da desgraça?
Têm razão esses, os que preferem não falar do mau momento que ameaça chegar e, pelo contrário, contentarem-se com a tomada de conhecimento das percentagen de melhorias várias que os políticos anunciam?
O pior é que nem os governantes nem os que se lhes opõem, dão mostras de serem capazes de dar a volta a este estado de coisas. E não é por haver eventualmente quem aspire pelo o regresso a um salazarismo de qualquer espécie (que Deus nos liberte de tal aberração!) que poderia surgir uma solução concreta...
Por isso vale a pena discutir, encarar os problemas, lançar na mesa propostas que interessem aos cidadãos, todos e não apenas os da côr política dos "barões", e falar abertamente. Quem sabe?...
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