quarta-feira, 2 de abril de 2008

ESTA LISBOA QUE EU AMO!


MONSANTO

Quantas cidades deste mundo não aspirariam a dispor de um espaço amplamente arborizado, de um desasfixiante natural, de uma mata verdejante e apetitosa para tirar dele o maior proveito possível ?
Uma urbe que se situa entre cerca de 900 hectares de um terreno pleno de arborização num alto e um amplo rio que desagua logo a seguir no vastíssimo Atlântico, como é o caso da nossa Lisboa, merece há muito tempo que o Parque de Monsanto seja olhado por todos nós com um carinho muito especial e lhe seja dado pelas autoridades responsáveis um tratamento cuidadoso e paisagístico.
É verdade que é difícil obter o consenso de todos sobre qualquer matéria; há sempre quem discorde disto ou daquilo. Mas as situações quando se explicam antes de serem tomadas decisões, quando quem tem a “vara” na mão e se sujeita com humildade a auscultar as opiniões mais generalizadas, quando não surgem de surpresa posições tomadas em cartazes ou em anúncios na comunicação social, que custam caros, quando não é isso que sucede, então o descontentamento é mais justificado e acaba por desgostar os que votaram na personagem que está no poder e previne contra repetições do mandato. Neste ou noutro lugar.
Neste caso concreto e a propósito deste comentário, não é a Câmara Municipal alfacinha que se deve gabar a si própria. Afirmar que “Lisboa está a mudar e está mais bonita”, quando se vê que não é isso que está a ocorrer, bastando passar por centenas de edifícios a necessitar do camartelo (como é aquilo a que se assiste, entre tantos outros exemplos, quanto ao que foi o antigo Cinema Paris, com a basílica da Estrela à vista, que se encontra naquele estado deprorável), quando a prioridade principal do Município lisboeta parece ser a renovação da sua frota de viaturas, ou a contratação de um arquitecto estrangeiro, a um custo sabe-se lá de quanto, para resolver o problema do Parque Mayer, que, apesar disso, continua pacientemente à espera de uma solução inteligente e prática, quando não se vê serem tomadas medidas para demolir o aborto do supermercado no Martim Moniz que se diz ser o escoador de telemóveis roubados, quando se pretende mudar a Feira Popular para Monsanto, quando se tem o arrojo de prosseguir com o tão falado túnel do Marquês naquelas condições, quando se discute a implantação de torres lá para Alcântara, quando Pedro Santana Lopes, porque é ele o responsável actual da Câmara, está a dar mostras de não ser capaz de transformar Lisboa numa cidade alegremente habitável, colorida, quando tudo isso acontece então começa-se a perder a esperança de que o tempo que falta para terminar o seu mandato vá chegar para deixar saudades da sua passagem pelo Município.
Ainda no que se refere ao tema deste texto, Monsanto, muito há a fazer naquele precioso Parque, mesmo que, infelizmente, já não seja possível retirar de lá instalações que não têm nada a ver com aquele local, como sejam a cadeia, o tribunal, a instituição militar e o pólo universitário da Ajuda. Só faltava, pois, o disparate de transferir para ali a Feira Popular de Lisboa, para ajudar a destruir a mata florestal que levou décadas e décadas a formar-se…E, para alem de isto tudo, a prostituição que por lá pulula só fica a ganhar com o aumento de clientela que a Feira transporta !
O que terá passado pela cabeça de Pedro Santana Lopes quando descobriu que o cheiro penetrante da sardinhada assada e das farturas, os carrinhos eléctricos, a montanha russa e toda a algazarra que produz um local de divertimentos daquele tipo está mesmo a calhar para ser metido no meio do frondoso arvoredo de Monsanto ?
Como acontece sempre no nosso País, o hábito das explicações, a obrigação de dar contas aos principais interessados, isso é coisa que não há forma de acontecer. Vamos lá ver se este clamoroso erro vai avante !

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