Sentado na Brasileira
Neste espaço com História
Aqui da minha cadeira
Revolvo a minha memória
Foi neste café aqui
Que em tempos da PIDE antiga
Se juntava em frenesi
Quem não ia na cantiga
Falavam contra o regime
Baixinho se conspirava
O que então era um crime
E bem caro se pagava
Cinquenta anos atrás
Não foi ontem, mas parece
Época de podre paz
Que jaz morta e arrefece
Em mesas por ali perto
De ouvido atento, matreiro,
Os pides com olho aberto
Espiavam o parceiro
Mas o Rocha, o Aquilino
E outros da nossa praça
Gente que fiava fino
Não lhes encontravam graça
Eu, por mim, alguma vez
Lá estive dos mestres junto
E na minha pequenez
Ajudava ao conjunto
Anos depois, já maduro,
Paguei o atrevimento
Comprometi o futuro
Mas fi-lo com muito alento
Brasileira do meu sonho
Recordo-te com saudade
O que passei foi medonho
Mas foi feito com verdade
Se fosse hoje, quem me dera!,
Voltando ao menino e moço
Ser de novo o que era
Regressando ao alvoroço
Mas não, hoje a Brasileira
É um café de turistas
É tudo d’outra maneira
Já não há por cá artistas
Mas quem tal tempo viveu
Quem ainda tem memória
Se é justo, não esqueceu
Esse pedaço de História
Neste espaço com História
Aqui da minha cadeira
Revolvo a minha memória
Foi neste café aqui
Que em tempos da PIDE antiga
Se juntava em frenesi
Quem não ia na cantiga
Falavam contra o regime
Baixinho se conspirava
O que então era um crime
E bem caro se pagava
Cinquenta anos atrás
Não foi ontem, mas parece
Época de podre paz
Que jaz morta e arrefece
Em mesas por ali perto
De ouvido atento, matreiro,
Os pides com olho aberto
Espiavam o parceiro
Mas o Rocha, o Aquilino
E outros da nossa praça
Gente que fiava fino
Não lhes encontravam graça
Eu, por mim, alguma vez
Lá estive dos mestres junto
E na minha pequenez
Ajudava ao conjunto
Anos depois, já maduro,
Paguei o atrevimento
Comprometi o futuro
Mas fi-lo com muito alento
Brasileira do meu sonho
Recordo-te com saudade
O que passei foi medonho
Mas foi feito com verdade
Se fosse hoje, quem me dera!,
Voltando ao menino e moço
Ser de novo o que era
Regressando ao alvoroço
Mas não, hoje a Brasileira
É um café de turistas
É tudo d’outra maneira
Já não há por cá artistas
Mas quem tal tempo viveu
Quem ainda tem memória
Se é justo, não esqueceu
Esse pedaço de História
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