sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

MÉDICOS


O NÚMERO DE DESEMPREGADOS em Portugal, que já anda pelos 700 mil, não pára de aumentar, posto que se as empresas também estão a encerrar em escala assustadora (no ano passado fecharam portas 11 empresas por dia), o mais natural é que os que lá actuavam se encontrem, repentinamente, sem ter trabalho e, com isso, o panorama de famílias sem possibilidades de solver os seus compromissos, sobretudo se foram assumidos em época que parecia ser de fartura – que sempre foi de ilusão, mais do que de realidade -, pelo que os créditos mal parados, especialmente nos bancos, também sobem de dia para dia.
Mas, se em todas as actividades se verifica um excesso de oferta para actuar profissionalmente, na classe de médicos aí o que se passa é precisamente o contrário, de carência no número de técnicos da saúde que preencham os lugares que já estão a dar mostras de não chegar para atender os doentes, especialmente nas áreas dos centros de saúde.
A notícia de que 110 médicos reformados voltaram ao serviço Nacional de Saúde, a pedido do Ministério que necessita ainda de mais, é a demonstração de que, conforme há já bastante tempo tem sido denunciado e neste meu blogue já assinalei mais de uma vez, as dificuldades que são postas aos alunos saído do secundário e que desejam seguir para a Faculdade de Medicina, com exigências de médias excessivamente elevadas e que não têm nada a ver com a vocação, essa sim necessária para seguir a carreira médica, tal procedimento que não há forma de ser rectificado, isso resultou no que hoje se verifica e em que são necessários contratar profissionais de outros países, sobretudo sul-americanos e agora a chamar os reformados para regressarem aos seus lugares.
Fico-me por aqui e com isto demonstro o que afirmo há muito tempo, no que se refere à nossa capacidade para solucionarmos os nossos próprios problemas, de que têm que ser os outros para indicar os caminhos que necessitamos seguir para sairmos das situações difíceis.
A mais que certa chegada do FMI para pôr alguma ordem na execução, até do Orçamento que temos e que, segundo parece, não é bastante para atacar as dificuldades, essa será uma demonstração, aliás não a primeira, de que têm de ser os outros a desembarcar no aeroporto e a impor as regras que são excessivas para a nossa capacidade de as seguir.
Para quê pôr mais na carta no que diz respeito à análise daquilo que somos e das nossas capacidade em sair dos problemas pelos nossos próprios meios. Quando aparecem os profissionais do optimismo – como também há os que o são do pessimismo – a clamar que Portugal já passou por diversas fases de dificuldades extremas e que sempre conseguiu sair delas, sendo verdade o que não se esclarece é que essas ultrapassagens de tais situações foram feitas à custa de soluções que, logo a seguir, nos colocaram em posições também muito difíceis e que nos conduziram a enormes sofrimentos do povo português.
Analisemos a nossa História com total isenção e independência e verifiquemos o que se passou a seguir às saídas das dificuldades que nos atingiram. E nem acrescento mais, porque cada um é que deve fazer o seu próprio juízo e daí tirar as conclusões que achar convenientes.
Mas, o que nos tem de deixar perplexos é o facto de assistirmos ao tempo (portanto dinheiro) que se gasta nesta altura com o caso das acções que provocaram a Cavaco Silva um lucro que causa inveja, e ninguém de todos os candidatos a Belém gasta um segundo que seja a referir esta situação da escassez de médicos a actuar no sector da saúde popular, como em muitas outras situações que, essas sim, provocam um verdadeiro mal estar nos portugueses mais necessitados.
Mas não, o importante é dedicar toda a atenção a isso das acções, ma o caso BPN no capítulo da falta de fiscalização que se impunha na altura em que já era visível que havia ali matéria para actuar, isso deixa-se arrastar nos Tribunais e há que esperar anos até que... não se apontem os responsáveis – que têm de ser vários. Isto é que é o Portugal que sempre se soube salvar das situações complicadas!


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