quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

SÓCRATES E ZAPATERO


Não tive internet todo o dia, pelo que só agora inscrevo este texto no blogue que deveria ter saído logo de manhã. As minhas desculpas.



JÁ NÃO TENHO GRANDES DÚVIDAS de que este ponto de vista que vou aqui expor, não representando novidade para aqueles que conhecem a ideia que defendo desde há muitos anos, de que os dois Países ibéricos deveriam unir-se num interesse comum que lhe dê mais força e importância para defender os seus propósitos, mesmo assim ainda conta, sobretudo deste lado da fronteira, com muitos adversários que continuam ligados àquilo que eu chamo de aljubarrotismo, que o mesmo é dizer de um pavor em contemplar Portugal sujeito ao poder espanhol. O que é, em meu entender, um perfeito disparate.
Mas, desta vez e ao acompanhar a junção que se prepara para conseguir que o Campeonato de Futebol de 2018 seja realizado pelos nossos dois países (o que tem o seu valor em termos de turismo, mas que não é fundamental face a outros problemas muito mais importantes que temos para resolver), só pergunto se isso é mais oportuno do que fazermos frente às más vontades que existem no ambiente do grupo europeu unido, como, por exemplo, da Alemanha da Senhora Merkel, em que tem existido e aumentará certamente uma determinada má aceitação e em que se verifica distracção em ajudar-nos a nós e ao nossos vizinhos no sentido de conseguirmos sair da posição difícil em que nos colocou a crise… para definir um culpado de fora de portas.
Avaliemos, portanto, a realidade possível: se Portugal e a Espanha resolvessem dar as mãos e apresentar-se claramente perante o Conselho da Europa como um agregado de dois países que se dispõem a cumprir as regras estabelecidas pela Comunidade e até a forçar, através do tamanho do conjunto, da população unida e da situação geográfica de que gozam, seria natural que os restantes que formam os 27 seguissem o exemplo e encontrassem maneiras de convergir em soluções que interessam a todos e que têm custado a ser aceites pela totalidade. Por exemplo, a questão do euro, em que ainda existem parceiros, como a Grã Bretanha, que não aderiram até hoje à moeda única, não constituiria o nosso caso um passo concreto para que a União Europeia ultrapassasse as indecisões que se mantêm e fortaleceria o braço dado que nem todos os europeus dão mostras de querer dar?
Não tenho grandes esperanças de que os governantes portugueses que temos e, provavelmente, aqueles que venham a seguir, tenham capacidade para tomar a iniciativa deste calibre. Os complexos de toda a ordem e a ausência de realismo quanto ao que é importante fazer para, com a maior urgência, fazer o que for necessário para resolver os nossos graves problemas, tudo isso impede que atinjamos tal desiderato. É, de facto, precisa muita coragem e grande poder de persuasão para ter semelhante atitude. E, claro, impunha-se, antes, fazer um estudo profundo dos passos que devem ser dados, das consequências da medida e juntar os argumentos suficientes para transmitir aos restantes parceiros por forma a que sejam entendidos os resultados positivos para todos de constituirmos um exemplo de união e de caminhar de mãos dadas e de olhos nos olhos. Esse passo poderia e deveria ser levado em frente se existissem entre os nossos maiores do Governo gente com visão para além do que está diante do nariz.
Para além da nossa actuação, portugueses e espanhóis, convictos dos efeitos positivos que a União Ibérica transmitiria ao grupo grande, haveria igualmente que contar com o apoio do nosso compatriota Durão Barroso que, penso eu, não obstaria a que tal feito se concretizasse.
Estas coisas penso-as eu que, sendo acusado de ter razão muitas vezes antes de tempo, aquele em que fui realizando ao longo dos anos e em que pude pôr em prática ideias que, julgadas inconversíveis, acabaram por surgir à vista, também esta me leva a crer que, mesmo que enquanto por cá andar possa assistir ao surgimento do que aparece agora como uma fantasia, mais tarde, não sei quando mas as dificuldades acabam por juntar forças agora separadas, essa União Ibérica será uma realidade.
Com a Europa mais forte ou, ao contrário, com o nosso Continente disperso, as duas previsões apontam para que esta nossa ponta europeia voltada para o Atlântico dê as mãos e resista ao mau à sua volta ou sirva de exemplo para os restantes países que, agora com uma unidade imperfeita, se convençam que a união não é bem aquilo que praticam.

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