segunda-feira, 6 de setembro de 2010

SE EU MANDASSE!...


JÁ NÃO É A PRIMEIRA vez que, nas televisões portuguesas, é feita a pergunta a telespectadores de rua, em que o tema é: “se mandasse o que é que fazia?”. E as respostas que surgem, por se tratarem de entrevistados sem preparação e em que o problema pessoal de cada um é o que lhe salta logo à boca, não representando quase nunca uma forma de ser encarada como tratando-se de uma solução que satisfaça as necessidades concretas do nosso País. Nem, naturalmente, os inquiridores estarão à espera de deparar, ao virar da esquina, com o “milagre” de surgir o remédio milagroso que porá tudo na ordem.
Se a pergunta me fosse feita, não hesitaria em dizer: Não sei! E explico esta minha franqueza.
Na situação actual portuguesa, vivendo nós num regime democrático que tem de obedecer às suas regras e que não permite que a vontade prepotente de uma figura se sobreponha ao que é possível executar, perante a fraqueza que nos atingiu e de que não vale já a pena apontar os seus causadores que, sendo vários, uns mais distantes e outros que se situam ainda nos cadeirões do poder, não é por lhes dirigirmos acusações que conseguimos efectuar o importante e que é o conseguirmos sair da rotura financeira e económica em que estamos colocados. Sendo assim, se fosse obrigado a aceitar aquilo que, por cá, já não se vislumbra quem se encontre ansioso por desempenhar as funções de primeiro-ministro de um Governo não maioritário, depois de reflectir seriamente no embroglio em que tinha sido metido, tendo escolhido o complemento ministerial que julgasse mais adequado às circunstâncias, a primeira acção que desempenharia era a de me dirigir aos portugueses e, numa fala franca, simples e credível, fazer-lhes o relato aberto do panorama do nosso País, da mesma forma que um médico sério deve declarar à família de um doente em estado adiantado de enfermidade quais seriam as perspectivas de salvação do ser que, de olhos arregalados, aguarda que surta a salvação ainda que milagrosa.
Ao contrário dos partidários de que é preferível pintar de cores vistosas as paredes em estado de queda, eu sempre defendi neste meu blogue e noutros escritos de que assumo a responsabilidade que não é coerente esconder a realidade, pois que só alertando os interessados é que será possível obter a sua colaboração nos esforços de salvamento.
Por isso, a primeira coisa que faria era mostrar com provas indiscutíveis que Portugal se encontra numa situação de perto da “banca-rota”, em que as Finanças não podem garantir o cumprimento de todas as obrigações que lhe cabem, encontrando-se perto de as próprias reformas terem de ser lapidadas, primeiro em parte e depois, sabe-se lá em quanto.
A seguir, avisaria que as medidas que iriam entrar em vigor de imediato, sem perda de tempo, seriam as de um corte radical nas despesas que não se admitem ainda existirem, como as regalias de todos os tipos que alguns servidores do Estado e de empresas públicas e semi-públicas continuam a auferir, como sejam viaturas, motoristas, (a partir de secretário de Estado acabavam tais benesses), instalações e até a existência dessas dependências que teriam de ser drasticamente extintas. Os funcionários que ficassem sem actividade, a esses haveria que procurar colocá-los onde exista exiguidade dos mesmos ou, em último recurso, estudar a forma de os dispensar em condições humanas. Seria duro, mas não havia outra forma de actuar.
Tudo isto daria ocasião a que os cidadãos acompanhassem a par e passo o que se estava a fazer, por forma a que aceitassem, eles próprios, os sacrifícios que lhes coubessem.
No capítulo da produtividade, o Estado, através dessa dependência que não há forma de dar provas de ser eficiente, o AICEP, com Basílio Horta à frente, teria de, reduzindo também o número de instalações que, sendo infrutíferas, se espalham por várias cidades estrangeiras, com custos altíssimos, dar todo o seu trabalho em favor da busca de investidores estrangeiros que quisessem abrir no nosso País as suas iniciativas, para o que se lhes concederiam condições especiais, quer no capítulo de impostos como na anulação das burocracias que são tão usadas no nosso espaço. Essa seria uma prioridade que, mesmo tendo de fazer investimentos, ocuparia as cabeças mais competentes de Portugal, pois que o desemprego só se combate quando se criam postos de trabalho, os quais, tratando-se de empresas industriais, também ocasionam o aumento de exportações, razão pela qual seriam escolhidas actividades que se dedicassem à produção de artigos que tivessem mercado possível noutros países.
Depois, coniforme escrevi há dias neste blogue, o subsídio de desemprego teria de terminar de vez, tanto mais que se sabe que muitos dos beneficiados com esse apoio não aceitam novos trabalhos para não perderem os euros que recebem enquanto estão em casa. E a forma de executar esta tarefa com eficiência e benefício para todos também já aqui expus e, por sinal, Paulo Portas, que talvez seja leitor deste meu blogue, está agora a usar a ideia, o que me parece até muito bem. Se eu lhe dei o primeiro emprego como jornalista, também posso agora servir de apoio para as suas funções políticas, independentemente das tendências políticas de cada um.
E não tenho mais espaço, pois o que eu faria se mandasse é de tal maneira vasto que estaria aqui a preencher este blogue até amanhã a esta hora.
Mas repito o que digo logo de início: De facto, saber de ciência certa o que faria se mandasse, por minha livre vontade, não sei. Mas ão ficaria era parado. Nas condições em que nos situamos suponho que, se me metesse a executar parte daquilo que expus aqui suponho que não chegaria ao fim, pois que as invejas desta gente toda que se situa em redor do poder, seja ele qual for, só não ataca os capazes, sempre pelas costas, se puderem passar despercebidos. E, claro que um Ditadura dava muito jeito a variada gente. E nessa eu não quero, nem de longe, participar. Já me bastou o tempo em que, ao longo de muitos anos, a suportei e com ela sofri o meu largo quinhão. Coisa que a maioria dos actuais políticos não tem ideia vivida do que foi.
E bem falta lhes faz!...

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