quinta-feira, 9 de setembro de 2010

FIGURAS NA MODA




COMO GOSTAMOS nós, portugueses, de individualizar as questões que surgem consecutivamente no nosso espaço. Claro que o Sócrates, por maioria da razão, é o que está sempre em foco e aquele já tão fastidioso assunto da Freeport não salta sem que esteja envolvido de imediato o nome de quem, na opinião pública e por mais que o próprio se insurja com ar de vítima, é e continua a ser o principal intérprete de um folhetim que a Justiça não dá mostras de agilidade suficiente para solucionar de vez tal questão.
E como os temas se sucedem dão ocasião aos cidadãos que somos de atentar continuadamente em assuntos que sobretudo distraem muito a atenção do público principal do que deveria constituir a preocupação primeira daquilo que é, de facto, o que atormenta as vidas da maioria esmagadora de nós que nascemos e vivemos em Portugal, esses temas são revestidos de uma certa dose de teatralidade que consegue absorver as imaginações de todos. Assim se tem passado com o chamado caso Casa Pia e agora, cumulativamente, o do seleccionador que caiu em desgraça, sendo que os respectivos nomes que pululam em tudo que é informação são aqueles que andam nas bocas de toda a gente: os de Carlos Cruz e de Carlos Queiroz.
Ao longo do tempo que ocupa a nossa existência dos tempos mais recente sucedem-se as personagens que tomam o lugar de vedetas – mesmo que mal vistas – dos acontecimentos que despertam a atenção do povo lusitano e que é facilmente conquistado pelos folhetinescos casos que vão preenchendo espaços nos jornais e nas televisões. E o exagero das notícias, a repetição doentia da publicitação do que se procura prolongar até ao esgotamento da matéria faz com que gente que não mereceria tamanha publicitação passe a figurar como verdadeiras figuras vitoriosas. Uma lástima!
Não vou entrar neste texto na avaliação das figuras em causa, destas duas como poderiam ser outras mais, porque considero que os julgamentos têm de pertencer a quem para essas funções é escolhido. Tenho, evidentemente a minha opinião e, apenas como cidadão, não posso deixar de me insurgir que, num caso, terem sido usadas e abusadas sexualmente crianças de uma instituição que, sendo pública, deveria ser responsabilizada (e, obviamente, os seus dirigentes) pelo facto de ter sido consentidos os actos que se apontam. E aí, sem apelo nem agravo, a Justiça entrar e deixar marca exemplar. Logo, absolvidos não deveriam ficar nenhuns e se foram os acusados agora ou outros (ou “e outros”), o certo é que a Justiça deve ser eficaz e rápida, o que não sucede no nosso País.
Na área do futebol, para além de que, face às circunstâncias difíceis que se vivem no sector publico português, todos os dispêndios que sejam aplicados em zonas que não se incluem na classificação de primeira necessidade, deveriam ser postos de lado, já que há quem considere que os campeonatos futebolísticos – e aí estão os vários estádios que foram construídos e que se encontram sem grande utilização -, pelos menos que não se perca agora tempo e dinheiro a assistir a zangas de gente malcriada e não se proceda, no espaço de horas, à arrumação de um assunto que se sabe bem como seria posto no seu lugar. Tanto mais que, conforme se tem visto, isso de Portugal se encontrar em condições de discutir com outros países as vitórias em competições internacionais, é coisa que já pertenceu ao passado e, por agora, o que constituiria uma atitude de bom senso era limitarmo-nos aos desafios dentro de portas e com os custos limitados aos clubes que não custem dinheiro ao Estado.
Eu sei que esta atitude tem uma porção enorme de gente que discorda. O futebol, como em tempos o fado e Fátima, fazem parte do conjunto de “Fs” que muitos compatriotas não querem perder do seu horizonte, mas que haja paciência e que nos compenetremos todos, mas todos, que a dívida pública resultante dos empréstimos que contraiu Portugal ascendem, no ano próximo, a quase 8 mil milhões de euros, o que quer dizer que, em 1911, já amanhã, vão ser cerca de 20 milhões de euros DIÁRIOS que terão de sair dos cofres estatais, ou seja, dos nossos bolsos.
Não querem pensar nisto? Pois é, então que continuemos a prestar grande atenção aos futebóis…

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