domingo, 19 de setembro de 2010

FARTAR VILANAGEM!...


POR MUITO MAL que nos encontremos neste nosso País e em que, em termos financeiros, sociais, judiciais e tantos outros a situação seja de completa desgovernação, o que continua a ocorrer à nossa volta é verdadeiramente desencorajante por não se ver quem seja capaz de tomar as medidas que, por muito tardias que elas já sejam, lá daria uma indicação de que alguma coisa se pretendia fazer para tentar travar a queda para o fundo do abismo que se depara à nossa frente.
O panorama é o de que nos encontramos entregues ao que vier e logo se verá, sem que, das forças que ainda existem, por mais deficientes que elas sejam, surja alguma voz que dê indícios de que as consciências estão a despertar e que se põe um ponto final nas “roubalhices” que se instalaram no ambiente em que temos de nos movimentar.
Refiro-me agora, podendo apontar outros caos que não faltam nesta Terra lusitana, aos chamados gestores e também aos funcionários que, de uma maneira ou de outra, cobram os seus salários dos fundos do Estado. A notícia tornada pública de que a PT pagou 1,8 milhões de euros a dois administradores que abandonaram os cargos, após terem sido implicados no caso PT/TVI, sendo que um deles, Rui Pedro Soares, que foi nomeado administrador executivo daquela empresa em 2005, onde auferiu cerca de 5 milhões de euros em salários e prémios, continuando actualmente com vínculo labora à PT, embora sem pelouros atribuídos. Do outro, Soares Carneiro, não apurei quais foram os seus rendimentos enquanto desempenhou funções de administrador na referida empresa telefónica.
Mas, nas poucas notícias que saem a lume sobre escândalos deste tipo, também as autarquias são, volta não volta referidas, se bem que o distanciamento do poder central faça com que se escondam muitas situações que os portugueses deveriam conhecer. O que já foi publicado nas páginas dos jornais é que um ex-vereador da Câmara Municipal de Lisboa e mais quatro administradores da PT foram condenados em Tribunal pelo crime de peculato, tendo sido as penas suspensas em virtude da “idade, integração familiar e social” dos arguidos. As penas andaram entre os dois e os três anos de prisão e os motivos das condenações justificaram-se por os acusados terem atribuído a si próprios prémios pela sua eficiência em terem desempenhado os cargos que exerciam.
A pergunta que haverá que fazer é a de quantos casos semelhantes não terão ocorrido em Portugal ao longo de todo o exercício de Governos que não deram mostras nunca de cuidar da defesa dos dinheiros públicos, sejam directamente dos cofres do Estado ou por vias indirectas que, ao fim e ao cabo, representam sempre o mesmo: o meter a mão na massa que os contribuintes, com tanta dificuldade a maioria, têm de entregar aos Poderes da governabilidade.
E volto a insurgir-me por nunca se ter verificado uma acção fiscalizadora que, ao longo dos 36 anos de Democracia, desse mostras de que o rigor e a honorabilidade dos cidadãos, sobretudo aqueles que ocupam lugares privilegiados, consistia e consiste num princípio respeitado a todo o momento.
A semana que decorreu foi considerada como de “pânico” no Governo, pois os avisos que nos foram feitos pela Alemanha, pela voz da sua Presidente Ângela Merkel, de que as dificuldades que se põem agora à nossa necessidade de empréstimos serão ainda maiores nos tempos que temos pela frente, fizeram soar um alarme que, ao contrário do que seria de esperar de gente com bom senso, ainda se encontrava guardado para outra altura mais tarde…
Sócrates, perante esta chamada de atenção, entendeu dever chamar os ministros um a um, até para preparar o documento final do Orçamento do Estado para o período que aí vem e, que se saiba, a ministra da Saúde foi a mais ouvida, até porque a dívida do Estado à indústria farmacêutica atingiu os mil milhões de euros, saindo da boca de Ana Jorge o desabafo de que “não há dinheiro para nada, nem vai haver”.
Ora aí está o que o primeiro-ministro deveria ter declarado aos portugueses há muito tempo, em vez de usar de “paninhos quentes” cada vez que resolve, numa das muitas inaugurações em que geralmente o seu significado é ridículo, botar em boca própria os elogios à sua actuação.
Enquanto isso e enquanto grande parte se mantiver nesta doentia carreira, há aqueles que se aproveitam das circunstâncias favoráveis que lhes são proporcionadas e metem ao bolso dinheiros que tanta falta fazem para nos podermos ir aguentando, mal e porcamente, neste barco cheio de rombos.

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