sábado, 18 de setembro de 2010

DEPOIS ALGUÉM PAGA!


CADA HORA QUE passa, Portugal aumenta a sua dívida em 2 milhões e meio de euros. Esta a notícia confrangedora que já nem pode ser rebatida.
A despesa pública não pára também de crescer e os juros que nos cabe suportar estão em subida vertiginosa, ao ponto de atingirmos já os 4% que nos são exigidos pelos credores estrangeiros, aqueles que ainda nos concedem alguma margem para irmos contraindo empréstimos. Só que se está a acabar!
E as gerações que estão aí a chegar – para não referir as que já se encontram entre nós, constituída por uma juventude que também não encontra emprego e que não vê forma de considerar Portugal como sendo o País onde devem ficar para construir o seu futuro -, essa camada de portugueses de um futuro próximo bem se pode preparar para ir buscar onde não há dinheiro para satisfazer as dívidas contraídas pelos governantes portugueses de hoje. Não é difícil imaginar o que a História contará dos Sócrates desta era – porque eles são vários – e o que se ensinará nas escolas quando for referido este período actual, como exemplo de uma actuação que condenou Portugal a uma vivência de completa penúria.
Foi dito claramente, na reabertura dos trabalhos pós-férias da Assembleia da República, que o nosso endividamento público neste momento já é de 147 mil milhões de euros e que não existem indícios de fique por aqui, não surgindo de nenhuma bancada qualquer solução para esta enfermidade económica que se tem vindo a acumular sucessivamente. E a questão que ninguém entende é como um Governo, que mantém um ar de confiança e se vangloria constantemente com os seus feitos, não é capaz de meter mão nas despesas, eliminando tudo que possa ser considerado como supérfluo e preste contas aos portugueses de cada um desses passos que, embora tardios, ainda algum efeito produziriam.
Eu não posso acreditar que o desleixo em que se tem vivido no que diz respeito a uma medida que qualquer dona de casa tomaria se o País fosse a sua casa, tal actuação seja propositada. Enterrar cada vez mais Portugal para que os sucessores não encontrem maneira de solucionar o problema que vão encontrar é atitude que não cabe na cabeça de ninguém. Não é crível que a maldade chegue a tanto!
Agora, a verdade é que andamos há um largo período a clamar pelo bom senso dos governantes que ainda temos (e também das oposições, essa é a verdade) no sentido de serem tomadas as medidas drásticas que reduzam substancialmente o que se gasta a mais neste País. E essas medidas teriam e terão de ser de grande dureza, começando pelo próprio organismo estatal e aos mais altos cargos, pelo menos para representar um exemplo que a população aceitaria como estímulo para os apertos que lhe vão ser ainda exigidos, posto que não é possível manter este ar de fartura que não se perde, pelo menos desde que a situação política nacional se abraçou a uma Europa comunitária, que essa também não contribuiu para criar um ambiente de racionalidade contra a crise que avançava a passos largos.
No que me diz respeito não é uma questão de ser pessimista ou o contrário. É que, depois de ter passado por uma vida de luta, em que o regime anterior não constituiu uma travessia fácil no campo profissional de jornalista, ao deparar com o que se seguiu e em que as esperanças eram as mais naturais, com a oferta da Democracia, e ao não conseguir repousar com os efeitos que poderiam ter sido transmitidos vindos de fora, não pode ser maior a desilusão e a falta de confiança nos homens, quer os de cá quer os de fora, foi crescendo, ao ponto de não ser encontrada forma de ver já Portugal a atingir um ponto alto na História que se perfila no horizonte.
E é isto que não escondo neste meu blogue. E o refugiar-me na poesia é uma maneira de fugir da realidade que tanto me magoa. Haverá quem me acompanhe neste sofrimento. Sempre são alguns que me dão nota de que sempre existem leitores.

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