quinta-feira, 1 de julho de 2010

TELEFONES -"VIVO" OU MORTO?


TODOS NÓS, CIDADÃOS comuns, portugueses que apenas contemplamos o que os “mandões” decidem, somos capazes de compreender se o impedimento da venda da empresa brasileira VIVO, parceira da PT, à Telefónica espanhola representa um benefício real para o nosso País?
E, dentro desta perspectiva, a atitude tomada pelo nosso Governo de utilizar a “golden share” (com a tradução “acções de ouro”, que significam privilegiadas) que ali o Estado português possui, para chumbar a decisão da maioria dos accionistas de aceitar a oferta da empresa de Espanha, de 7 milhões e cento e cinquenta mil euros, para ficar na posse da VIVO, tal decisão, que, por sinal, está a levantar sérias dúvidas da sua legitimidade, é favorável aos interesses do nosso País ou trata-se de uma medida que não tem a menor influência na melhoria da nossa vida?
Postas estas dúvidas que, seguramente, se levantam aos cidadãos do nosso País que ainda têm capacidade para seguir as evoluções deste tipo, preocupados como andam com as dietas impostas nas suas carteiras, o que resta aguardar é se tudo continua como dantes, como, por exemplo, na área do uso dos telefones fixos, que, no que a nós toca, sempre constituiu uma estranha obrigação de cumprir sem qualquer alternativa que as concorrências podem proporcionar e que, ao longo de muitos anos, foi imposto o débito do “aluguer” dos aparelhos telefónicos que, ao contrário do que sucede em quase todo o mundo, nunca foi aqui considerado propriedade dos usuários, é natural que se levante a questão de se, com a continuidade do sistema anterior, se verifica alguma melhoria do funcionamento da empresa nacional.
Como sempre, os “aljubarrotistas”, especialmente depois da derrota futebolística que ocorreu com os nossos vizinhos ibéricos, exultam perante esta negativa de resultado empresarial para a Telefónica do País vizinho. E isso, para eles, representará não dar um passo para a união económica no seio da Península Ibérica, significando para eles um grito de independência bacoca que, no meu ponto de vista, não serve para nos enriquecermos na luta que é forçoso manter em relação aos grandes países europeus e que não nos reforça para usarmos os meios de defesa dos interesses conjuntos nas discussões que ocorrem na Comunidade Europeia.
Resta agora saber se as coisas vão ficar por aqui ou se Bruxelas, como já se afirma, irá interferir por não aceitar que a utilização das “golden shares” sirva para anular as decisões das maiorias que votaram em assembleias-gerais. E se tivermos de seguir as indicações vindas de fora, até porque a Telefónica já afirmou que vai recorrer judicialmente da decisão portuguesa, isso só serve para nos mostrar que, se aderimos à CEE da época e usamos as vantagens de tal aceitação, é forçoso que sigamos as normas e discutir a razão que uns tantos proclamam só pertencer a eles.
E é preciso não confundir. Já que Saramago tanto proclamava as vantagens em juntarmos interesses e conveniências e só se ouvem, depois da sua morte, muitos elogios se levantaram à sua obra e aos seus pensamentos, pois também paremos para nos interrogarmos sobre se, neste particular, embora o Prémio Nobel não tinha sido inédito nem o primeiro, não haverá aqui algum fundamento na opinião por ele expressa. Até porque os comunistas não costumam ser muito aliados de teorias que reúnem, no mesmo saco, países diferentes, com regimes desiguais. É o bem deste rectângulo que está em causa e os exemplos albanisados que têm surgido por esse mundo fora têm de servir para alguma coisa.
Eu não escondo. A situação de dificuldades tão castigadoras que nos obrigam a sofrer, em diferentes situações da nossa História, as consequências de nos encontrarmos distantes e nesta ponta do Continente, deveria abrir-nos os olhos e admitir que, com as nossas características, a beleza da língua, os costumes e tudo que é de bom e que faz parte daquilo que somos, conservando tudo isso não haveria realmente grandes vantagens em apoiar o que poderia ser uma sociedade de duas Nações.
Mas só na altura em que a corda na garganta nos aperte tanto que não nos deixe respirar é que seremos capazes de enfrentar a realidade.

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