terça-feira, 6 de julho de 2010

RISOTAS


QUE CONTENTE que eu fiquei! Que grande ajuda que foi dada para afastar a angústia que me devora! Que excelente notícia que foi dada a todo o povo português! Ronaldo é pai!...
Com 25 anos de idade nasceu-lhe um filho e a mãe não se sabe quem é!
Toda a comunicação social exortou e apropriou-se de notícia de tamanha importância. Deu-lhe honras de tempo de antena especial e de primeiras páginas, indo continuar, está mais que visto, por longo tempo com a cobertura de tão deslumbrante acontecimento.
Nuno Gomes, outro jogador de futebol – e é preciso dizê-lo, pois pode haver alguma gente que não esteja muito ao corrente -, também foi pai no mesmo dia em que Ronaldo tomou conhecimento do seu caso e teve sorte por isso, dado que a coincidência lhe valeu um canto de uma notícia que lhe foi dedicada.
Perante um caso de tão alta importância, como que nascerem crianças por esse mundo fora seja um sucedimento raro e os mais de seis mil milhões de habitantes que ocupam o Globo surgiram por artes mágicas, temos de nos render às evidências e confirmar o que estamos todos fartos de saber: que há situações normais e correntes que, por razões especiais, são elevadas ao máximo da importância e que é isso que, no nosso mundo, distingue enfaticamente umas minorias da grandeza de população que nasce, vive e morre sem que alguém perca tempo a tomar conhecimento da sua existência.
Agarro-me assim a tão entusiasmante notícia que os portugueses receberam nesta altura e não a deixo fugir sem a aproveitar neste meu blogue. Não há má disposição que resista a tanta alegria. Cristiano Ronaldo, que não deixou grande marca na sua passagem pela África do Sul, em contrapartida foi pai de uma criança. E, por sinal, esse rapazinho nasceu rico! Que mais poderia desejar, já que, segundo parece, de boa saúde ele é?
Conclui-se então que a paternidade sucedida a Ronaldo representa uma boa nova, mas como, infelizmente, não há bela sem senão, há que acrescentar o panorama com que nos debatemos na nossa Terra.
Poderei, assim, acrescentar alguma coisa. É que este nosso rectângulo sofre do mal da baixa natalidade, o que ocasiona o envelhecimento demográfico de que somos vítimas. Os indicadores relativos à fecundidade apontam para 1,3 nascimentos por casal, ou seja cada dois proporcionam o aparecimento de um novo rebento e pouca parte de outro, ao memo tempo que é cada vez mais tarde que se realizam casamentos lusitanos e a nascença do primeiro filho encontra-se na faixa dos 28,6 anos para as mães.
E, claro, não podia faltar o motivo da crise. O desemprego, as necessidade das progenitoras trabalharem fora de casa, a cada vez maior falta de meios, tudo isso é responsável pela baixa natalidade da população branca, enquanto que, por parte das revoadas de imigrantes de diferentes origens e raças, se verifica um enorme desabrochar de nascimentos, sendo que, portugueses como são por verem a luz no nosso País, contribuem para que, dentro de alguns anos, a característica lusitana que, já por si, é descendente de diversos tipos de povos que ocuparam a Península Ibérica, sobretudo de nórdicos, acabará por mudar de cor, numa espécie de vingança dos que, com as descobertas e as nossas ocupações de terras longínquas, passando os loiros a desaparecer e vindo a ser o escuro que tomará conta de todo o território.
Chorar? Para quê? Rir? Também não serve para nada. Aceitar o que for, como sempre fizemos antes. Eu, por mim, ponho-me a imaginar o que será e só me resta encolher os ombros e aguardar por mais notícias alegres que possam prestar ajuda para poder continuar este blogue.

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