EM MAIS UM 10 de Junho, temos de recordar festivamente, o nosso grande Luís de Camões. Isso, se bem que a maioria dos portugueses – digo-o sem receio de me equivocar - não tenha ideia do motivo por que se goza um feriado neste dia. Ou associam-no apenas a um vago Dia de Portugal e das Comunidades. É que, actualmente, no ensino escolar, não sucede como no tempo dos mais velhos, em que, logo nas escolas primárias (agora estupidamente com outro nome), aprendíamos até a dividir as orações dos Lusíadas! E, mesmo com alguma fantasia, se contava o célebre naufrágio em que o ilustre poeta tinha salvo a sua obra histórica nadando só com um braço. Era, no mínimo, uma maneira de honrarmos a existência de um valoroso português que, desde as batalhas no Norte de África, tinha chegado a Macau, onde se podia visitar – como me sucedeu a mim – a que lhe era atribuída como sendo a Gruta de Camões (será que ainda se vai conser durante muito tempo?).
Não é admissível que nos conformemos com o facto dos responsáveis pela condução do ensino dos estudantes portugueses da actualidade, pois, por múltiplas razões que não cabem agora ser enumeradas, até porque a consciência dessa gente não dá mostras de se sentir atingida pelas realidades do péssimo ensino que se pratica no nosso País, em todas as suas escalas – até os universitários acabados de sair com os canudos, são apontados como vagamente conhecedores, sobretudo da língua portuguesa -, pois repito que não podemos aceitar passivamente tal postura, mas, antes pelo contrário, é forçoso que denunciemos o mau caminho que a nossa bela língua está a levar, sobretudo com os que nem se podem considerar neologismos, mas antes asneiras puras que têm de revoltar os que, ainda resistentes, procuram manter a perfeição daquilo que nos foi deixado, numa boa parte pelo nosso grande poeta dos Lusíadas.
Por muito que uma língua não possa ser estática, pois a mudança de vida, a criação de novas tecnologias e a natural apetência para ir introduzindo formas novas de nos expressarmos leva a que se verifiquem diferenças que, com o andar dos anos, se vão enraizando. Porém, nada disso justifica que entremos num beco de vocabulário reduzido, de ausência de imaginação, mas, pelo contrário, alarguemos o panorama da maneira de falar, desde que não destruamos o que está na base, na origem latina, grega e até árabe, do nosso vasto vocabulário. Por exemplo, essa palavra que, por tudo e por nada (sobretudo mais por nada), surge agora na boca dos palradores, como é a do “espectáculo”, que, ainda por cima, é reforçada pela outra que dá ainda mais ênfase à expressão, a “espectacular!”, faz-nos levantar a interrogação de se Portugal é assim tão espampanante, que tudo que ocorre à nossa volta sai da área do comum, que não nos limitamos a ser normais, correntes, e que as nossas palavras e acções deixam boquiabertos os que nos observam e nos ouvem.
E, ainda por cima, é a própria televisão que divulga muitos dos erros que se alastram na fala dos lusitanos que, facilmente influenciáveis, passam a introduzir nas suas conversas o que nunca deveria ter saído da imaginação dos destruidores do português.
Tem de penalizar verificar-se que a língua que utilizamos, por muito que não deixe de ser uma língua completamente viva, se veja invadida, tão despudoradamente, pelas asneiras dos que, com visível irresponsabilidade, espalham um linguarejar que só serve para destruir a beleza do que constitui, mesmo inconscientemente, a nossa personalidade. E, como não é apenas esta expressão que se encontra nitidamente fora da lógica da nossa língua, pois os “portantos”, os horrorosos “digamos”, os “pois” e outras aberrações que, com o tempo vão desaparecendo, o que nos espera é que até os “bués” – que já fazem parte oficialmente do nosso idioma -, sejam acrescentados por outros dizeres que sobram e atormentam os dicionários que, pelo menos, esses vão mantendo, enquanto podem, a perfeição.
Há que lutar contra o mau português. Que, pelo menos, esse dom não seja perdido, como tantos outros valores que, com as desculpas das integrações, se vão desvanecendo e correm o perigo de desaparecer. Uma Europa unida, sem dúvida. Uma Península Ibérica fortalecida para se defender melhor das concorrências de outras forças mais fortes, tudo isso também será bom. Mas que os usos e costumes, e, acima de tudo, a nossa língua, não seja estragada, muito menos destruída, isso é que tem de constituir uma luta que os portugueses não podem perder.
Este Dia de Camões…., que o Presidente da República comemora no Algarve, com relevância para outros acontecimentos que bem poderiam ser guardados para diferente data, merece bem que seja resguardado com a divulgação que uma figura de tão grande importância no mapa restrito das personalidades históricas lusitanas que não podem passar despercebida, deveria ser incluído no discurso de Cavaco Silva com a preponderância adequada. Até como exemplo de um salvador da sua obra, especialmente neste período em que Portugal também necessita de salvação do naufrágio em que está envolvido…
Não é admissível que nos conformemos com o facto dos responsáveis pela condução do ensino dos estudantes portugueses da actualidade, pois, por múltiplas razões que não cabem agora ser enumeradas, até porque a consciência dessa gente não dá mostras de se sentir atingida pelas realidades do péssimo ensino que se pratica no nosso País, em todas as suas escalas – até os universitários acabados de sair com os canudos, são apontados como vagamente conhecedores, sobretudo da língua portuguesa -, pois repito que não podemos aceitar passivamente tal postura, mas, antes pelo contrário, é forçoso que denunciemos o mau caminho que a nossa bela língua está a levar, sobretudo com os que nem se podem considerar neologismos, mas antes asneiras puras que têm de revoltar os que, ainda resistentes, procuram manter a perfeição daquilo que nos foi deixado, numa boa parte pelo nosso grande poeta dos Lusíadas.
Por muito que uma língua não possa ser estática, pois a mudança de vida, a criação de novas tecnologias e a natural apetência para ir introduzindo formas novas de nos expressarmos leva a que se verifiquem diferenças que, com o andar dos anos, se vão enraizando. Porém, nada disso justifica que entremos num beco de vocabulário reduzido, de ausência de imaginação, mas, pelo contrário, alarguemos o panorama da maneira de falar, desde que não destruamos o que está na base, na origem latina, grega e até árabe, do nosso vasto vocabulário. Por exemplo, essa palavra que, por tudo e por nada (sobretudo mais por nada), surge agora na boca dos palradores, como é a do “espectáculo”, que, ainda por cima, é reforçada pela outra que dá ainda mais ênfase à expressão, a “espectacular!”, faz-nos levantar a interrogação de se Portugal é assim tão espampanante, que tudo que ocorre à nossa volta sai da área do comum, que não nos limitamos a ser normais, correntes, e que as nossas palavras e acções deixam boquiabertos os que nos observam e nos ouvem.
E, ainda por cima, é a própria televisão que divulga muitos dos erros que se alastram na fala dos lusitanos que, facilmente influenciáveis, passam a introduzir nas suas conversas o que nunca deveria ter saído da imaginação dos destruidores do português.
Tem de penalizar verificar-se que a língua que utilizamos, por muito que não deixe de ser uma língua completamente viva, se veja invadida, tão despudoradamente, pelas asneiras dos que, com visível irresponsabilidade, espalham um linguarejar que só serve para destruir a beleza do que constitui, mesmo inconscientemente, a nossa personalidade. E, como não é apenas esta expressão que se encontra nitidamente fora da lógica da nossa língua, pois os “portantos”, os horrorosos “digamos”, os “pois” e outras aberrações que, com o tempo vão desaparecendo, o que nos espera é que até os “bués” – que já fazem parte oficialmente do nosso idioma -, sejam acrescentados por outros dizeres que sobram e atormentam os dicionários que, pelo menos, esses vão mantendo, enquanto podem, a perfeição.
Há que lutar contra o mau português. Que, pelo menos, esse dom não seja perdido, como tantos outros valores que, com as desculpas das integrações, se vão desvanecendo e correm o perigo de desaparecer. Uma Europa unida, sem dúvida. Uma Península Ibérica fortalecida para se defender melhor das concorrências de outras forças mais fortes, tudo isso também será bom. Mas que os usos e costumes, e, acima de tudo, a nossa língua, não seja estragada, muito menos destruída, isso é que tem de constituir uma luta que os portugueses não podem perder.
Este Dia de Camões…., que o Presidente da República comemora no Algarve, com relevância para outros acontecimentos que bem poderiam ser guardados para diferente data, merece bem que seja resguardado com a divulgação que uma figura de tão grande importância no mapa restrito das personalidades históricas lusitanas que não podem passar despercebida, deveria ser incluído no discurso de Cavaco Silva com a preponderância adequada. Até como exemplo de um salvador da sua obra, especialmente neste período em que Portugal também necessita de salvação do naufrágio em que está envolvido…
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