quinta-feira, 24 de junho de 2010

SCUTS - SEM CUSTOS?


ACABO DE OUVIR José Sócrates a tentar dar explicações através da RTP à questão das portagens nas “scuts”, questão que tem levantado grande celeuma e desagrado por parte de várias localidades do Norte, reclamando por estar a ser tratada aquela zona em desigualdade com o resto do País. Mas não é isso que constitui hoje motivo principal para uma observação neste blogue.
É que, o locatário de S. Bento, fazendo referência à posição tomada pelo Governo, em lugar de assumir o ponto de vista em representação de todo o Executivo, levou um largo tempo de exposição falando sempre na primeira pessoa, com frases como “eu quero”, “eu sei”, “eu assumo”, “eu pretendo”, “eu digo”, “eu não deixo”, tudo isso foi ouvido na referida intervenção em que nunca expressou uma decisão que tivesse saído do colectivo do Governo, o que, provavelmente, até agradará ao conjunto de responsáveis pela diferentes pastas ministeriais, posto que, na hora de prestar contas que poderá chegar em breve, tem a desculpa para alegar que não tinha poder suficiente para dar outro andamento às determinações tomadas unicamente pelo “chefe”.
Este caso das portagens, um mais que levanta reclamações que bem poderiam e deveriam ser evitadas, é consequência das decisões tomadas por José Sócrates – já que ele se arroga de ser o comandante isolado – que não passam por uma reflexão profunda sobre os respectivos efeitos, o que até seria fácil averiguar desde que existisse o mínimo espírito de saber ouvir e a vontade de auscultar quem poderia dar uma achega valiosa, quanto mais não fosse perto das populações que vão sentir os efeitos das novas decisões. E não só essas, mas também, como apareceu um representante da Galiza a prestar declarações na nossa RTP, sobre o assunto, esses que não deixam de considerar “absurda” e “caótica” a forma como está a caminhar a decisão que parece vir a ser tomada, pois que estão em jogo as relações comerciais entre as duas vizinhas regiões portuguesa e espanhola, esse eixo Atlântico que é da maior importância e que o Governo também dá ideia de que não está a levar em conta. Uma trapalhada!
O pagamento ou não das portagens nas estradas que até agora têm estado isentas dessa taxa é, na verdade, assunto que merece a atenção nacional – e não só dos que poderão vir a suportar os respectivos pagamentos -, pois que se trata, por um lado, de entradas de dinheiros de que o Estado tanto necessita, e, por outro, de mais um encargo que o Governo obriga os cidadãos a suportar, sabendo-se que não ficarão por aqui as exigências que serão feitas para ir aguentando a balança financeira portuguesa. E é por isso mesmo que o senhor Sócrates tem de vir a suportar os custos pelo sua incompetência governamental, dado que, repito e repito as vezes que forem necessárias, a sua arrogância em ter comprometido o País com gastos que deveriam ter sido adiados fez com que, nesta altura, apressada e irreflectidamente, tudo sirva para ir buscar verbas que sustentem o desequilíbrio financeiro em que vive a Nação. E, já que me refiro aqui à Galiza, essa zona espanhola tão ligada, por laços de irmandade, com o Minho português, seria bom que tivéssemos capacidade para alargar a união de todos os tipos com os vizinhos que se encontram sempre abertos a formar um bloco de interesses connosco. Mas isso é pedir demais a cabecinhas como as que temos por cá…
E até faz dó verificar que os que estão convencidos de que são sempre certeiros, que não têm dúvidas e que os outros é que se enganam, vão até ao fim das suas funções e, talvez dormindo com as consciências tranquilas, acabem por ser os mais felizes deste mundo, apenas lamuriando pelas injustiças dos que não lhes dão valor e, por isso, são uns verdadeiros ingratos.
Não acrescento mais a este texto que, segundo julgo – mas haverá quem tenha opinião diferente -, diz o suficiente de quem já nem vale muito a pena apontar deslizes. Bem nos basta o que estamos a passar e que poderia não ser tão grave se, volto a dizer, as medidas que não foram tomadas a tempo tivesse surgido nas cabeças – ou na “cabeça” – de quem teve nas mãos algumas prevenções que não foram tomadas.
Pois que é disso que eu culpo o “sabedor absoluto”. O tal do “eu sei”, “eu quero”, “eu sou, eu sou…”

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