NÃO ME INCOMODA nada e não pensem que fico com remorsos pelo facto de apontar os defeitos que reconheço nos portugueses, este povo que não é capaz de olhar para si mesmo com total ausência de preconceitos, de modo a que, dessa forma, procure emendar as característica que o têm conduzido a ser, ao longo de toda a sua existência, um agrupamento de habitantes deste rectângulo que, apesar de se encontrar geograficamente muito bem situado na Europa, nunca conseguiu sobressair da pequenez a que foi votado desde que Afonso Henriques decidiu separar-se da mãe e ficou com a responsabilidade de criar uma Nação que, nessa altura, não precisava de se associar a nenhuma outra e tinha até uma missão a cumprir, a de expulsar os mouros para o sul e conseguir especificidades próprias capazes de edificar um futuro feliz.
Depois, ao longo dos tempos, o mundo também mudou completamente. Diz a História que os nossos vizinhos espanhóis criaram em nós um espírito de autodefesa despropositado e de independência a qualquer preço. Os Pirinéus, durante muito tempo, contribuíram para nos separarmos do resto dos países do nosso Continente que se iam desenvolvendo. De costas voltadas para o conjunto europeu, fomos forçados – e em boa hora – a querer descobrir o que se encontrava para lá dos mares que eram o nosso único horizonte. Fizemos boa figura, no isolamento a que nos entregámos, mas não fomos capazes de tirar partido dessas descobertas que serviram apenas para alargarmos o espaço para lá colocarmos alguns compatriotas. A nossa língua, que deveria ser hoje a mais falada em todas as partes do mundo, deixou pingos de passagem, mas foi ultrapassada por uma outra, a inglesa, que, por sinal, pertence a um povo que nunca descobriu terras, antes ocupou os espaços e alguns onde nós tínhamos chegado antes.
Apressadamente damos o salto para o nosso século. Hoje em dia, somos isto: uma Nação que, encolhida, não consegue bastar-se a si mesma. Não sabemos vender, expulsos os judeus pelo rei Manuel I, não adquirimos essa qualidade de produzir bem e mostrar aos outros o que sabemos fazer, para colocar lá fora o fruto do nosso trabalho. Estamos dependentes do que os do estrangeiro nos enviam. O desequilíbrio financeiro é o que nos limita completamente. Gastamos mais do que aquilo que ganhamos. Vivemos na ilusão de que “isto há-de mudar”. Mas não fazemos nada ou não acertamos para que tal objectivo seja alcançado. E assim nos fomos e vamos arrastando pela vida fora.
Na devida altura, criado que foi o espírito da europeização, a Comunidade Europeia, o euro, a vontade de se fixar neste espaço uma união de Estados, Portugal aderiu rapidamente a esse propósito e, embora não tenha sido por nossa culpa, a ideia de tão grande significado e alcance não tem prosseguido com a rapidez e com a clareza que se impunha, pois essa porta para se proceder a uma melhoria fulcral no procedimento de actuar dos povos europeus, essa encontra-se ainda bastante longe do objectivo sonhado, e muito embora exista a preocupação de se manterem as tradições de cada grupo nacional não se caminha convenientemente nessa direcção. Tudo isso não tem constituído um auxílio tão necessário para que, por cá, recebêssemos um incentivo para modificar, no bom sentido, o nosso comportamento.
Pois bem, este retrato chega para mostrar que eu, como português, pertenço ao grupo de cidadãos que não desiste da responsabilidade de tudo fazer para que, conscientes do que somos, arregaçarmos as mangas e deixar para trás o que constituiu a parte má da formação lusitana. E, embora seja autor desta opinião pouco animadora, se, ao cabo de tantos anos de vida como português, não consigo ter outro ponto de vista, por isso coloco-me na posição de ser cúmplice de todo um povo que, por muito que reclame, por mais manifestações de rua que faça, não sai da conhecida “cepa torta”. E mantemos o espírito cobarde de esperar que quem vier a seguir resolva os problemas.
É por isso que, num blogue atrás, afirmei que todos nós somos uns sócrates que descarregamos a nossa ira do fulano que ocupa o lugar de chefe de um Governo que, também esse, como outros antes, como sucedeu no tempo do velho Salazar – que cultivou, em seu proveito político, a incultura nacional -, se comporta como qualquer outro português que tivesse ocupado ou venha a ocupar o mesmo lugar.
Tenho dito e não me canso de repetir: se, em vez dos tais Magalhães, uma fantasia que é completamente enganosa no sentido prático, tivesse sido introduzida às crianças, na classe primária, a aprendizagem da prática democrática, de forma a que, dentro de três a quatro gerações, os portugueses pudessem mudar de comportamento, talvez alguma coisa já se tivesse notado que mudou por cá. Este nosso comportamento de não termos a capacidade de saber ouvir, de não deixar os outros exporem as suas opiniões, de interrompermos quando os parceiros falam, clamando mais alto, de nos julgarmos sempre dentro da razão, de só reclamarmos pelos nossos direitos e desprezarmos as obrigações, enfim e em resumo, sendo um povo maravilhoso, que sabe muito bem receber, que vive num País de uma beleza incomparável, que dispõe de uma temperatura agradável, que tem valor para poder ser um excelente trabalhador, se as condições forem as adequadas para atingir esse objectivo (vide os nossos emigrantes), e não nos forem facilitadas maneiras de gozar do prazer do descanso – os inúmero feriados de que dispomos são grandes culpados da falta de vontade de produzir -, se tudo isso que somos servisse para termos a humildade suficiente para fazer um acto de contrição sem complexos de nenhuma espécie, então, mesmo agora ou sobretudo nesta situação complicadíssima em que nos encontramos, seríamos capazes de dar a volta por cima e prosseguir na caminhada de uma felicidade relativa, que é aquilo com que nunca contámos, desde o início das Nacionalidade.
Já sei. Vão-me cair em cima centenas de comentários destroçadores. Não existe a coragem de dizer com clareza aquilo que, mesmo escondendo, levamos dentro de nós. E é por essa razão que não mudamos. Para melhor. A História que nos dá grande satisfação na parte dos feitos heróicos, basta-nos e tapa todo o resto. Podemos considerar chatos aqueles europeus ou até de regiões longínquas que saem de casa às 5 da manhã, que trabalham todo o dia, que não se distraem quando estão a exercer as suas profissões e que, ao fim da cada jornada, avaliam o valor do que fizeram, mas esses “maçadores” são os que contribuem para que os seus países progridam. Não é por fazerem greves ou engrossarem manifestações de qualquer espécie que melhoram s seus níveis de vida.
Nobre povo, como clama o nosso hino, teremos que ser. Valha-nos isso. E não pode ser somente o entusiasmo pelo futebol que nos pode levar a uma vaga união que, passada que é a euforia, nos coloca de novo na situação em que nos enontramos.
Depois, ao longo dos tempos, o mundo também mudou completamente. Diz a História que os nossos vizinhos espanhóis criaram em nós um espírito de autodefesa despropositado e de independência a qualquer preço. Os Pirinéus, durante muito tempo, contribuíram para nos separarmos do resto dos países do nosso Continente que se iam desenvolvendo. De costas voltadas para o conjunto europeu, fomos forçados – e em boa hora – a querer descobrir o que se encontrava para lá dos mares que eram o nosso único horizonte. Fizemos boa figura, no isolamento a que nos entregámos, mas não fomos capazes de tirar partido dessas descobertas que serviram apenas para alargarmos o espaço para lá colocarmos alguns compatriotas. A nossa língua, que deveria ser hoje a mais falada em todas as partes do mundo, deixou pingos de passagem, mas foi ultrapassada por uma outra, a inglesa, que, por sinal, pertence a um povo que nunca descobriu terras, antes ocupou os espaços e alguns onde nós tínhamos chegado antes.
Apressadamente damos o salto para o nosso século. Hoje em dia, somos isto: uma Nação que, encolhida, não consegue bastar-se a si mesma. Não sabemos vender, expulsos os judeus pelo rei Manuel I, não adquirimos essa qualidade de produzir bem e mostrar aos outros o que sabemos fazer, para colocar lá fora o fruto do nosso trabalho. Estamos dependentes do que os do estrangeiro nos enviam. O desequilíbrio financeiro é o que nos limita completamente. Gastamos mais do que aquilo que ganhamos. Vivemos na ilusão de que “isto há-de mudar”. Mas não fazemos nada ou não acertamos para que tal objectivo seja alcançado. E assim nos fomos e vamos arrastando pela vida fora.
Na devida altura, criado que foi o espírito da europeização, a Comunidade Europeia, o euro, a vontade de se fixar neste espaço uma união de Estados, Portugal aderiu rapidamente a esse propósito e, embora não tenha sido por nossa culpa, a ideia de tão grande significado e alcance não tem prosseguido com a rapidez e com a clareza que se impunha, pois essa porta para se proceder a uma melhoria fulcral no procedimento de actuar dos povos europeus, essa encontra-se ainda bastante longe do objectivo sonhado, e muito embora exista a preocupação de se manterem as tradições de cada grupo nacional não se caminha convenientemente nessa direcção. Tudo isso não tem constituído um auxílio tão necessário para que, por cá, recebêssemos um incentivo para modificar, no bom sentido, o nosso comportamento.
Pois bem, este retrato chega para mostrar que eu, como português, pertenço ao grupo de cidadãos que não desiste da responsabilidade de tudo fazer para que, conscientes do que somos, arregaçarmos as mangas e deixar para trás o que constituiu a parte má da formação lusitana. E, embora seja autor desta opinião pouco animadora, se, ao cabo de tantos anos de vida como português, não consigo ter outro ponto de vista, por isso coloco-me na posição de ser cúmplice de todo um povo que, por muito que reclame, por mais manifestações de rua que faça, não sai da conhecida “cepa torta”. E mantemos o espírito cobarde de esperar que quem vier a seguir resolva os problemas.
É por isso que, num blogue atrás, afirmei que todos nós somos uns sócrates que descarregamos a nossa ira do fulano que ocupa o lugar de chefe de um Governo que, também esse, como outros antes, como sucedeu no tempo do velho Salazar – que cultivou, em seu proveito político, a incultura nacional -, se comporta como qualquer outro português que tivesse ocupado ou venha a ocupar o mesmo lugar.
Tenho dito e não me canso de repetir: se, em vez dos tais Magalhães, uma fantasia que é completamente enganosa no sentido prático, tivesse sido introduzida às crianças, na classe primária, a aprendizagem da prática democrática, de forma a que, dentro de três a quatro gerações, os portugueses pudessem mudar de comportamento, talvez alguma coisa já se tivesse notado que mudou por cá. Este nosso comportamento de não termos a capacidade de saber ouvir, de não deixar os outros exporem as suas opiniões, de interrompermos quando os parceiros falam, clamando mais alto, de nos julgarmos sempre dentro da razão, de só reclamarmos pelos nossos direitos e desprezarmos as obrigações, enfim e em resumo, sendo um povo maravilhoso, que sabe muito bem receber, que vive num País de uma beleza incomparável, que dispõe de uma temperatura agradável, que tem valor para poder ser um excelente trabalhador, se as condições forem as adequadas para atingir esse objectivo (vide os nossos emigrantes), e não nos forem facilitadas maneiras de gozar do prazer do descanso – os inúmero feriados de que dispomos são grandes culpados da falta de vontade de produzir -, se tudo isso que somos servisse para termos a humildade suficiente para fazer um acto de contrição sem complexos de nenhuma espécie, então, mesmo agora ou sobretudo nesta situação complicadíssima em que nos encontramos, seríamos capazes de dar a volta por cima e prosseguir na caminhada de uma felicidade relativa, que é aquilo com que nunca contámos, desde o início das Nacionalidade.
Já sei. Vão-me cair em cima centenas de comentários destroçadores. Não existe a coragem de dizer com clareza aquilo que, mesmo escondendo, levamos dentro de nós. E é por essa razão que não mudamos. Para melhor. A História que nos dá grande satisfação na parte dos feitos heróicos, basta-nos e tapa todo o resto. Podemos considerar chatos aqueles europeus ou até de regiões longínquas que saem de casa às 5 da manhã, que trabalham todo o dia, que não se distraem quando estão a exercer as suas profissões e que, ao fim da cada jornada, avaliam o valor do que fizeram, mas esses “maçadores” são os que contribuem para que os seus países progridam. Não é por fazerem greves ou engrossarem manifestações de qualquer espécie que melhoram s seus níveis de vida.
Nobre povo, como clama o nosso hino, teremos que ser. Valha-nos isso. E não pode ser somente o entusiasmo pelo futebol que nos pode levar a uma vaga união que, passada que é a euforia, nos coloca de novo na situação em que nos enontramos.
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