quarta-feira, 16 de junho de 2010

MENOS PORTUGUESES


AS ESTATÍSTICAS são, por vezes, elementos que nos oferecem tanto boas como más notícias. Mas, no decurso dos tempos mais recentes, são elas que orientam os nossos comportamentos e nos proporcionam quer melhor futuro ou mesmo o seu contrário.
As estimativas da população de 2009, reveladas pelo INE, indicam que a natalidade em Portugal no ano recorrido marcou uma descida significativa e isso, afirma-se, dada a crise que se vive actualmente no nosso País. O declínio demográfico e social fixou-se numa diferença acentuada em relação aos anos anteriores e isso não obstante o número de imigrantes que se instalaram em Portugal, sendo sabido que, nessa área, a sua taxa de natalidade é maior do que a nossa.
No que diz respeito à população propriamente dita, o saldo não é tão negativo porque foi superior o número de estrangeiros entrados do que de portugueses buscando residência lá fora.
Haverá razões concretas para a diminuição de nascimentos, que se estabelece em 5% relativamente a 2008, sendo de considerar o desemprego de ambos os cônjuges, as limitações de trabalho às mulheres grávidas e também o envelhecimento da população nacional, ao ponto de nos situarmos, no grupo da União Europeia, como um dos países com maior percentagem de gente envelhecida.
Será que, face a estes dados, se pode concluir que os portugueses estão em vias de desaparecer? Que a invasão de povos de outras origens e a proliferação de natalidades com outras nacionalidades provocará, no futuro, uma mudança de sangue e de características, diluindo-se as que são nossas, as lusitanas, que, como se diz acima, têm tido, ao longo da nossa existência, propensão para procurar locais fora de portas, até para terras bem longínquas, com usos e costumes muito diferenciados dos nossos, essa facilidade e conveniência de melhorar de vida contribuirá certamente para os números que as estatísticas nos mostram.
O conhecimento que é dado pelas estatísticas é que, por cá, a média de nascimentos é de um filho por casal, sendo também constatado que é cada vez mais tarde que se verifica o nascimento de um descendente, fixando-se a idade das mães com a primeira natalidade nos 28,6 anos.
Sobretudo, devido à fuga de África de milhões de naturais daquele Continente, no caso europeu e, em particular de oriundos de terras que foram antes colónias nossas, portanto com a facilidade da língua e dos hábitos que eles já conhecem, dada essa particularidade, o nosso País – ainda que não seja o único por esse mundo fora -, tem sido receptor de gente que aqui procura melhoria de condições de vida. E, sendo casais formados, a continuação dos seus laços familiares concretiza-se em terras lusas.
Outra pergunta que podemos fazer e que não constitui a menor preocupação em termos de raça é esta: será que, no prazo de uns tantos anos, cinquenta ou à volta disso, a cor da pele dos portugueses escurece, pois nós sempre demos o exemplo de, nas zonas africanas (e noutras) onde nos instalámos, termos sido pioneiros em misturar raças, não tendo a menor relutância em criar o que constitui uma marca da nossa especialidade: a dos mulatos.
É certo que na Holanda, por exemplo, a união das duas cores, dos loiros e dos pretos, se tem tornado vulgar, mas nesse aspecto não foram pioneiros na mistura. E, no que nos diz respeito, não foi apenas nas descobertas que os portugueses deram esse passo. A partir do momento em que assentámos arraiais nas florestas africanas e depois na regiões indianas tal como em Terras de Vera Cruz, logo deixámos o nosso sinal, não mostrando qualquer repulsa pela possibilidade de continuar o “fabrico” de novos seres humanos.
Mas isso passou-se em tempos. Não é o que ocorre nesta altura. E, tendo em conta o abandono que se verifica no interior do nosso País, em que existem aldeias onde só permanecem os velhos, os que não abandonaram os locais onde nasceram e ali aguardam para serem depositados os seus restos nos cemitérios que ainda se mantêm. Por aí se pode concluir que o desaparecimento de nacionais é um fenómeno que pode contribuir para o que se chamará de desaparecimento do modelo físico português.
Por outro lado, como a invasão de chineses, não só nos mais recônditos sítios em Portugal mas em tudo que constitui razão para se instalarem com as suas lojas, será caso igualmente para podermos admitir que, algumas décadas adiante, os lindos olhos dos homens e mulheres portugueses se transformarão em pequenas gretas que caracterizam os povos do Oriente longínquo.

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