terça-feira, 15 de junho de 2010

CABO DAS TORMENTAS/CABO DA BOA ESPERANÇA


SERÁ QUE os portugueses ainda se mantêm interessados em saber, de ciência certa, se Sócrates mentiu ou não quando, no Parlamento, afirmou não ter tido conhecimento prévio de que estavam a decorrer negociações para a compra da TVI pela PT ou fosse lá por quem fosse, por forma a terminar com a emissão das sextas-feiras, em que Manuela Moura Guedes mantinha um programa que lhe era absolutamente indesejável? Nesta fase de aperto dos cintos e com a previsão de piores dias que se aproximam, andarão os nossos compatriotas, a maioria, os de parcos meios de se sustentarem, para não falar já dos desempregados e sem subsídio (que isto é outra história que não se enfrenta com a devida competência), a procurar apurar a verdade, se temos um primeiro-ministro mentiroso ou se tudo não passa de uma ocupação de tempo e de um gasto com comissões que não servem para nada e só fazem figuras tristes perante todo o País?
Julgo eu que os cidadãos deste País, aqueles que ainda procuram andar em dia com os acontecimentos que nos rodeiam, terão há muito tempo a sua opinião formada. Dessa já o José Sócrates não consegue livrar-se, ma também não interessa nada, pois existe a consciência de que as circunstâncias políticas, que se vão mantendo por cá, não são propícias à abertura de portas à realização de eleições legislativas, havendo que esperar primeiro pela luta pelo lugar em Belém e, só depois, se o titular que lá se instalar assim o entender, se poderá pensar em substituições do actual Executivo.
O triste no meio de tudo isto é que, desejando alguns de nós fazer um exame das possibilidades de ser encontrada a pessoa ideal para pegar na condução política de Portugal, fazemos uma corrida pelas figuras que por aí andam e se prontificarão para enxotar o mal visto responsável principal pelo estado das coisas a que se chegou nesta Terra, mesmo aí não conseguimos descortinar uma que nos possa transmitir ainda que uma relativa tranquilidade no que diz respeito a competência, a honestidade política, com o mínimo de bom senso, e possuidor do intuito de cuidar mais e melhor dos problemas nacionais do que dos seus próprios e do grupo partidário que representará, que dará uma imagem de não ser o tal que sabe tudo e que não se debate com dúvidas, essa personalidade, no panorama que eu tenho na cabeça, não surge por forma a deixar-me descansado.
Atravessamos nesta altura – e vem bem a propósito pelo campeonato do mundo de futebol que se está a realizar na África do Sul – um verdadeiro Cabo das Tormentas. Mas, sonhadores como temos que ser, apesar de tudo, tal como fizeram os nossos navegadores que se lançaram mares fora na descoberta do que viesse, antes do desconhecido mas agora do que sabemos bem o que procuramos, a essa curva do caminho temos de chamar Cabo da Boa Esperança.

Sem comentários: