sexta-feira, 5 de março de 2010

OS BLOGUES


COMPREENDO perfeitamente a relutância que mostram certos políticos em relação aos blogues e também, no que diz respeito aos jornais e alguns jovens jornalistas, que consideram ser uma concorrência desleal o utilizar-se os computadores para divulgar opiniões que poderão ser emitidas por qualquer um e por sua conta própria.
Eu, como antigo jornalista, na altura em que esta facilidade não existia, compreendo claramente tal oposição, pois que nas colunas dos periódicos é que se deveria, prioritariamente, dar mostras do que cada um pensa. Porém, com o avançar das tecnologias e com o declínio, que infelizmente se nota, na compra de publicações (e basta ver como, sobretudo nos diários, essa economia dos utilizadores é cada vez mais evidente), o recurso a este meio para não deixar que fique no íntimo de cada um, sobretudo se se tratam de pessoas que têm alguma facilidade em utilizar a escrita, tal atitude é bastante compreensível. Por outro lado, o público leitor que segue atentamente as colunas com colaborações jornalísticas, depara frequentemente com esses espaços ocupados por participantes que não mostram mérito especial, o que afasta logo às primeiras linhas, o seguimento dos assuntos apresentados. As escolhas, na verdade, não são as melhores e também aí são as conveniências que funcionam e não o espírito de cumprimento de uma direcção jornalística apurada.
No meu caso em que, para além de profissional da Imprensa, também a colaboração que prestei com colunas fixas em diferentes diários ocupou a minha atenção, adoptei agora este meio que, diariamente, relato o meu desassossego no que diz respeito ao que se passa no mundo em que nos encontramos e, particularmente, no País que é o nosso e em que, com grande tristeza, os assuntos a serem discutidos se encontram tão mal tratados e também, posto que cabe nesta altura a vez a serem outros os comentadores a ocupar as colunas nos mesmos periódicos onde colaborei, utilizo este meio do meu blogue que, por sinal, face às estatísticas que recebo periodicamente me dizem que existe ainda um bom número de leitores em permanente aumento a seguirem o que opino.
Francisco Pinto Balsemão que se situa na área dos profissionais dos jornais e revistas, especialmente como empresário, na intervenção que teve agora na Comissão da Ética, mostrou claramente que não é da sua preferência o uso dos blogues. E isso compreende-se perfeitamente, dada a sua ligação estreita com a vida do “Expresso” e de outras publicações. Se eu ainda tivesse algo a ver com as edições de que fui director, por exemplo o semanário “o País” além de outras, provavelmente não veria com bons olhos que fosse cada vez maior a expansão dos blogues, se bem que, tenho de dizê-lo, existem alguns que não valorizam em nada os que se empregam a fundo para que esta via tenha o mínimo de qualidade. Mas a vida é assim. O público leitor é quem escolhe e dá a sua preferência ao que mais se adapta aos seus gostos. Normalmente, no que diz respeito aos produtos jornalísticos, inclina-se mais para as publicações que assumem posições políticas da sua inclinação e esse mesmo público não é atraído por jornais que mostrem uma absoluta e rigorosa independência, como foi o caso de “o País”, ao longo dos seus dez anos de existência.
Pois aqui estou eu agora a defender essa total independência, muito embora não me escuse neste blogue a denunciar casos que merecem crítica severa, como é a situação que se dá nesta altura em relação ao primeiro-ministro de Portugal. Mantive-me, enquanto pude, em pura observação, para ver se a personagem em causa alterava o seu comportamento. Como isso não aconteceu nem se acredita que venha a suceder, então, a partir dessa convicção, não me foi possível dar cobertura favorável a quem está a fazer mal ao nosso País. E é tudo!

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