sábado, 6 de fevereiro de 2010

O VETO


DEPOIS de todo o alvoroço que tem tido lugar neste nosso País e que ainda se vai manter, julgo eu, durante largo tempo, primeiro em relação ao Orçamento do Estado e também quanto à revisão da Lei das Finanças Regionais, isso por agora, em que os milhares de milhões andam continuamente nas bocas de todos os intervenientes que temos por cá, isso enquanto as centenas e até dezenas de magros euros constituem as preocupações dos outros milhões, esses sim, de portugueses que lutam pelo seu dia-a-dia, aguarda-se agora pela atitude que vai tomar Cavaco Silva e se o seu eventual veto porá, por agora, um ponto final na “guerra” em que estão envolvidos partidos e Governo. No confronto sim, não na solução.
Atrevo-me a antecipar este texto à decisão do Presidente, pois que não vai ser fácil a posição que for tomada e isso porque, seguramente, a sua opinião pessoal, como simples cidadão, será uma e, na qualidade de próximo futuro concorrente à reeleição para Belém, então tem de ser outra em termos e em conveniência política. Isto, porque lhe convém não afastar do seu horizonte os votos de muitos militantes socialistas que, naturalmente, podem não ficar satisfeitos por ver o seu partido não ser favorecido na passagem das propostas saídas do Parlamento e sujeitas à decisão presidencial. Ainda que, nestas circunstâncias, a darem-se, ainda haja o recurso ao Tribunal Constitucional que, provavelmente, será o caminho que se deparará antes da decisão final. Tudo isto, claro, são conjecturas minhas, mas não estarão totalmente fora de virem a constituir uma realidade.
Mas, no fundo, todos os participantes no panorama actual da política portuguesa acumulam sérias dúvidas e muitos receios quanto ao resultado dos passos que devem dar na conjuntura que se apresenta. No que se refere a Cavaco Silva, está dito acima com o que o tem de preocupar. Já do ponto de vista de José Sócrates, este, perante a imagem desfavorável que tem vindo a acumular, ninguém lhe pode garantir que, em eventuais próximas eleições, venha a atingir a tão desejada maioria absoluta. No caso das várias oposições de hoje, especialmente as que se podem situar na área da possibilidade de obterem votos suficientes para governar – mas nunca maiorias parlamentares -, essas não terão provavelmente qualquer atracção pelo chamado poder, pois, a não ser para depois se lastimarem do estado em que encontraram as contas públicas, o que lhes caberia enfrentar seriam os graves problemas que já existem hoje e que, dia após dia, se vão tornando de mais difícil solução. E de choradeiras e críticas ao que ocorreu durante a actuação dos Executivos anteriores, dessas acusações estão os portugueses fartos e não podem suportar mais desculpas para não governar de forma minimamente razoável. Todos os Executivos que ocuparam as cadeiras do poder, sendo de ideologias diferentes dos anteriores, desde o início do período democrático que se têm servido desse argumento, de culpar quem ocupou os seus lugares, para mostrar que lhes coube a eles emendar os erros dos antecessores. Nunca apareceu um novo protagonista que se preocupasse apenas em enfrentar o futuro deixando para trás o que tinha passado. É, pelos vistos, outra característica dos portugueses, pois que todos somos detentores de determinados comportamentos que são bem característicos da nossa raça.
Vamos lá ver o que acontece na fase seguinte daquilo a que já chamei folhetim ou telenovela com actores de segunda categoria. Tudo é possível.

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