terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

´É GASTAR VILANAGEM!...



NÃO HÁ PALAVRAS que cheguem para mostrar o que nos vai no íntimo como irritação quanto aos procedimentos dos governantes, desses que se esgotam a elogiar-se em boca própria, afirmando descaradamente que não há ninguém melhor do que eles e que, verdade verdadeira, são todos piores uns do que os outros, venham eles de que partido vierem e que, não é por serem substituídos nos postos de comando em que lutam para serem escolhidos, que as coisas melhoram neste País em vias de cair da tripeça.
Tomei hoje conhecimento de uma notícia que, mesmo farto de contemplar disparates, não acreditaria que pudesse suceder, sobretudo nesta fase da difícil vida nacional. Então não é que, por via do Orçamento do Estado que acabou por passar na rede das oposições, ficou definido que a equipa de ministros do grupo de Sócrates (e não incluindo secretários de Estado), vai gastar, em 2010, mais 3,2 % do que foi atribuído no ano findo, sendo certo que, na época passada, foram as seguintes as verbas atribuídas e gastas pelos detentores dos referidos cargos público e isso em milhares de euros: viagens e hotéis 1437,8; combustível 818,1; telemóveis 558,5; carros 1.004,3; ajudas de custo 533,3; estudos 247; horas extraordinárias 1.124,3.
Pois bem, não entrando em pormenores, a minha atenção fica-se sobretudo na rubrica horas extra, sendo certo que a maior parte se atribui aos motoristas, aos seguranças e às secretárias que têm de aguardar que suas excelências libertem os seus serviços, já que não se encontrou ainda forma de solucionar este problema que, no que se refere sobretudo aos condutores das viaturas, apontei já, tempos atrás, o modo de acabarem esses gastos. Não vou repetir agora o que ficou escrito.
Mas a pergunta a deixar aqui expressa tem a ver com a falta de capacidade de, em vez de se recomendarem cortes drásticos em tais gastos improvisados, se dá mais uma margem para que nada falte aos diferentes ministros que se preparam para atravessar o ano que está à frente. Por aqui se pode ficar com uma ideia da falta de disposição governamental de ser aí, no alto da pirâmide, que deve surgir o exemplo de poupança, mostrando a todos os portugueses que a época que se viveu (e que nunca deveria ter existido nas circunstâncias autênticas que jamais foram de grandes extravagâncias) das “vacas gordas”, nesta altura, mais do que sempre, é ideal fora de questão.
Custa-me a admitir que o Governo, como lhe compete, recomende mais produtividade aos portugueses e, ao mesmo tempo, contenção nos gastos desnecessários, quando não mostra disposição em reduzir, naquilo que lhe diz respeito, todas as despesas que têm de ser evitadas.
No fundo, a dificuldade existe na descoberta do remédio capaz de solucionar a grave crise em que estamos envolvidos e que, por muito que se ande a esconder a verdade no que respeita ao futuro, mesmo o mais próximo, no íntimo dos governantes não pode permanecer uma extrema esperança de que tudo correrá sobre rodas e que Portugal não vai sofrer dificuldades acrescidas.
Sendo assim, mais vale ir aproveitando o que ainda existe, porque depois logo se vê como nos safaremos dos problemas. É um princípio bem português e que, até à data, tem desenrascado a malta de cá.

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