segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

LIVROS QUE SOBRAM



NESTE começo de ano, fartos como temos de andar de deitar as mãos à cabeça perante as desgraças que nos rodeiam por todos os lados, dando razão ao Presidente da República quando se disponibilizou para apontar erros e tentar incutir nos políticos o espírito de colaboração no sentido de todos contribuírem para solucionar os problemas da Nação, vou aqui deixar uma ideia que, não sendo original, pelo menos tem o mérito de ser positiva. E vale a pena ser repetida.
Tem a ver, sobretudo, com as editoras. Como é sabido, todos os anos as edições de livros atingem números que se situam nas casas dos milhares, mesmo sabendo-se que o número de exemplares, em média, que cada obra alcança não vai muito acima dos mil cópias. Existindo, claramente, as excepções, que são aquelas edições que se sabe antecipadamente que são mais procuradas pelos leitores.
Dentro deste panorama e sobretudo porque também se verificam preferências de directores de edição que não são fáceis de explicar, aquilo que se chama de “sobras”, ou sejam exemplares que não conseguem ser vendidos nas livrarias e que se acumulam nos armazéns para serem depois destruídos, atingem números enormes. E o caminho desse entulho é o da reciclagem que, menos mal, ainda se traduz por um certo aproveitamento.
Agora, aquilo por que eu tenho lutado desde que, de longa data, me preocupo com a divulgação da língua portuguesa é com a expansão da literatura no nosso idioma, especialmente para os países onde a lusofonia se pratica, é, de concreto, o da distribuição para essas zonas de tudo o que sobre de edições que já não têm aproveitamento de venda em Portugal.
Agora, a forma de pôr em prática esta iniciativa ultrapassará a simples vontade de o fazer. E aí, julgo eu, deveriam intervir os ministérios da Educação ou da Economia e o dos Negócios Estrangeiros, pois as editoras, por si só, necessitarão de ser ressarcidas dos montantes referentes à venda dos livros para reciclagem e, por outro lado, a entrega das obras aos países de língua portuguesa terá de obedecer a um critério e a um acordo pré-estabelecido, por forma a existir a garantia de que o final de utilização de tal literatura será o da expansão do português onde ele precisa de ser enriquecido.
Aqui deixo, pois, uma sugestão que o Governo, este e os anteriores, nunca deram mostras de pôr em prática. Não se trata de nenhuma extravagância que ponha em risco os cofres do Estado e, por outro lado, presta um serviço linguístico de grande valia.
Mas os homens do poder andam muito preocupados com outros assuntos que consideram de muito mais urgência e, dentro da suas opções, ainda não chegaram a um degrau tão pouco valoroso em votos como é o da expansão da língua portuguesa. Existem causas muito mais preocupantes para os Senhores deste e de anteriores Executivos. Por exemplo, o mais recente que é o dos casamentos “gay”. Sempre é mais preocupante isso do que o ver o nosso idioma bem infiltrado nos locais que descobriram os nossos antepassados e que deixámos ir ao Deus dará, quando não soubemos encontrar uma solução pacífica para os entregar em boas mãos e sempre com o nosso apoio…

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