quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

REFORMADOS



É O QUE FAZ ter razão antes de tempo. Já me referi a esta situação quando afirmei que, no meu caso, o ter-me sucedido o mesmo em diferentes ocasiões, só me trouxe críticas de outros que sempre assentam na esperança o futuro que os espera. E daí, depois, as desilusões, pois o esquecimento é geral em relação a quem previu, com tempo, o que poderia passar-se mais tarde.
Tenho aqui, neste espaço, prevenido acerca da situação altamente dramática do que não estará fora das conjecturas: o poder acontecer que os fundos da segurança social não venham a chegar para pagamento das reformas. Felizmente ainda não se atingiu este extremo, mas o que foi agora anunciado de que as pensões de 2010 vão sofrer um corte de 1,65% e que, aos 65 anos, os novos pensionistas terão de trabalhar mais dois a cinco meses para anular o efeito do factor de sustentabilidade, o qual, traduzido por miúdos, quer dizer que, segundo os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística, os portugueses vivem, em média, 18 a 19 anos para além dos 65 de idade.
Temos de nos começar a habituar à ideia de que não vai ser num ambiente de completa facilidade que Portugal vai atravessar um período que, estando já a decorrer, tem muito de difícil contorno e que, se daqui até lá não forem tomadas medidas profundas e descomplexadas na área da governação, as piores situações não ficam fora das eventualidades.
Tendo-se alcançado essa percentagem tão pouco desejada dos dois dígitos no número de desempregados, já com 10,2 %, coisa que, algum tempo atrás, não era tão gravemente previsto, que dúvidas podem ainda persistir de que os descontos dos que têm trabalho são cada vez menores e as arrecadações para suportar as reformas vão também diminuindo.
E quem avisa, nosso amigo é. Não é por metermos a cabeça num saco e por taparmos os ouvidos com algodão, para não dizer o que é mais vulgar, o olharmos para o lado, que as maldições por que temos de atravessar não ocorram.
Bem gostaria de poder dizer coisas bem diferentes, mas não é tal que pressinto. E, neste exame, não estou sozinho. Cada dia que passa aumenta o número de gente com conhecimentos de economia que já não mostra receio em aparecer e dizer o que chama de verdades.

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