domingo, 6 de dezembro de 2009

A POLÍTICA TAMBÉM TEM TEATRO



PERANTE o que se está a verificar na Assembleia da República, em que tanto o Partido Socialista como as Oposições não mostram um comportamento de compreensão das suas responsabilidades e, em vez de procurarem encontrar soluções para os graves problemas que temos de enfrentar no nosso País, pelo contrário só dão mostras de enfrentamento, não procurando medidas que, mesmo não satisfazendo os interesses de cada uma das partes, pelo menos irão ao encontro do interesse do País, face a tal panorama que parece vir a ser, em breve, uma situação que surgirá perante todos os portugueses, é a queda do Governo, seja por sua própria iniciativa ou porque, dentro das regras que a Constituição admite, o Chefe do Estado recorrer à dissolução da Assembleia da República que resultará na imposição de novas eleições.
O problema, porém, é que, para efeitos de escolha por parte dos eleitores, o maior partido da Oposição, o PSD, atravessa nesta altura uma luta interna que não oferece perspectivas de poder vir a ser uma força credível que possa atrair a confiança dos portugueses. E, perante tal situação, com um Partido Socialista que também não teve uma actuação governamental com maior absoluta merecedora de elogio e agora sem saber levar a sua avante neste estado de maioria relativa, o que se deparará aos eleitores será uma confusão política que, provavelmente, dará a vitória às abstenções, o que não constitui, de forma alguma, uma resposta que seja a mais desejável num Estado democrático.
A Justiça que temos por cá também não ajuda nada a que se crie um clima de acalmia e de confiança num futuro próximo. Todos os problemas que têm vindo a lume, sobretudo aqueles em que, com razão ou sem ela, o nome de José Sócrates se encontra envolvido nos casos, essa falta de respeito por figuras públicas que deveriam manter uma postura de completo afastamento de dúvidas, todo o panorama que se vive não facilita uma disposição popular de correr às urnas para deixar a sua preferência. A péssima Justiça que temos e que não há ninguém que seja capaz de lhe meter a mão e de resolver de vez a doença – e é verdade que o sistema democrático não facilita a solução, embora não o impeça -, essa realidade tem muitas culpas de grande parte dos problemas que nos assolam.
Seria bom, perante tudo isto, que as Oposições se organizassem, tomassem consciência da enorme responsabilidade que lhes cabe e, especialmente o Partido Social Democrático, pusesse de parte as baronias e encontrasse um líder que conseguisse unificar as tendências egoístas que ocorrem no seu seio.
Da mesma forma, o PS, deixando de venerar em demasia o seu secretário-geral, chamando-o à realidade de lhe competir ter maiores ouvidos e menor umbigo, também a este grupo político deveria chegar um maior sentido da realidade nacional.
Claro que esta cena tem como pano de fundo a realização em breve de novas eleições, o que ninguém pode garantir que seja esta a peça que estará para ser representada. O ideal é que os protagonistas do espectáculo que se avisa que pode ser anunciado se entendam entre si e não venha a ser necessário apresentá-lo, pelo menos pelos tempos próximos. É sinal de que o que se encontra nesta altura em palco ainda consegue obter a satisfação do público, mesmo que não aplauda em demasia e não esteja a achar grande graça às piadas que vão sendo apresentadas.

1 comentário:

Francisco Castelo Branco disse...

o nivel a que assistimos no ultimo debate é o resultado do nervosismo das bancadas

o governo por causa das constantes acusações

e a oposição sempre a acusar o PM......

Se for assim durante 4 anos...