ESTÁ o Parlamento com o encargo de encontrar uma resposta ao problema que tanto tem dado que falar nos últimos tempos, se bem que se trate de uma matéria que vem de longe, que deu mais nas vistas no decorrer do período democrático que se vive em Portugal, mas que também antes, na época da ditadura, ocorria com grande escala. Só que não surgia nas páginas dos jornais, porque existia uma coisa chamada Censura que não era para graças.
Refiro-me, está bem de ver, à proposta apresentada pelo PSD e que se sabe que os socialistas não votam contra, de ser criada uma comissão que fique com a responsabilidade de analisar e encontrar solução para acabar com a escalada da corrupção que atingiu foros de excessiva prática.
Bem se sabe que isto de ser criada uma comissão, de uma maneira geral significa a nomeação de uns tantos amigos e quem os escolhe, pois é sempre definida uma remuneração e umas tantas benesses que se encaixam na execução desses lugares. Não se sabe ainda se será este o caso, mas teremos de ficar com os olhos bem abertos para ir acompanhando a evolução dos resultados que forem saindo de tais escolhidos. Agora, que tais pessoas vão ter muito que fazer, lá isso têm.
Existem por aí, e até há pouco tempo estiveram escondidos nas gavetas, casos que representam valores elevadíssimos que cheiram a ter existido desvios de altas verbas que bastante falta fazem aos cofres do Estado. Ninguém se aprestou ainda para servir de testemunha, até porque, naturalmente, serão vários os beneficiados que se regalaram com comissões que foram atribuídas e esses coniventes não desejam, em qualquer caso, vir a dar nas vistas.
O exemplo da compra ao estrangeiro de submarinos e de helicópteros (até agora sem se entender com clareza porquê terem sido estes os armamentos considerados de primeira necessidade), aquisição essa sujeita a contrato de permuta, por parte dos exportadores estrangeiros, por valores consideráveis, ao não terem sido formalizados esses documentos de compra de forma a não deixar dúvidas ou fugas que permitissem o não cumprimento por parte dos fornecedores das suas obrigações. E o resultado é que, neste momento, Portugal é devedor de fabulosas verbas pela aquisição e não são cumpridas as obrigações das contrapartidas. Pergunta-se, então: as deficiências na elaboração dos contratos resultou, da nossa parte, de incompetência e de irresponsabilidade ou terá sido por fazer parte de uma artimanha de corrupção que, ao ter existido, têm, como sempre, de nela fazerem parte dois intervenientes – o corruptor e o corruptido.
O que se torna necessário é que não seja colocada uma pedra sobre este assunto e que, para dar início à sua actuação, a comissão que vai ser constituída no Parlamento inclua na sua tarefa esta estranha situação que nos foi criada. Estamos cá para ver.
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