sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O COVEIRO... SALVO SEJA!


LOGO na primeira aparição, no Parlamento, de José Sócrates, quando se poderia esperar que o chefe do XVIII Governo viesse dar mostras de ter aprendido alguma coisa com o seu comportamento anterior, ou seja com um ar compreensivo e uma atitude de moderação quanto às críticas que, naturalmente, as Oposições lhe movem, o que se viu foi aquilo que se usa agora muito dizer: mais do mesmo!
Não restam dúvidas de que não tem emenda aquele que se mantém a julgar que sabe tudo, que nunca se engana, que os outros é que cometem erros e não são capazes de aderir ao seu modo de conduzir o País. O seu discurso de inauguração perante os deputados de todas as bancadas, em vez de ter sido preparado, por ele próprio ou por assessores que devem fazer bem o seu papel de conselheiros construtivos, no sentido de deixar bem claro que não é necessário referir-se insistentemente ao passado, repisar que ganhou as eleições, como se tivesse alcançado uma maioria absoluta, que a sua disposição é utilizar na prática a palavra que ele insiste em repisar mas a não usar, o diálogo, em lugar disso aquilo a que se assistiu foi a uma repetição de comportamento, de linguagem e de ar impositivo, o que colocou de imediato toda a Assembleia da República, no que diz respeito à agora maioria, que são as Oposições, de pé atrás e com disposição para fazer uma frente ainda mais aguerrida do que aquela que, provavelmente, poderia ser diluída.
É evidente que um primeiro-ministro não é um actor. Não tem as características e as qualificações dos que pisam os palcos. Mas, tratando-se de uma personagem que é obrigada a saber adaptar-se às circunstâncias que a vida política impõe, o mínimo que se espera de tal figura é que não seja inflexível na maneira como se apresenta perante o País.
No fundo o que se pretende é que o Governo, já que foi o PS o partido que obteve maior número de votos, faça todos os esforços que estiverem ao seu alcance para conseguir afastar o perigo de uma queda, o que obrigaria a uma solução de emergência que, nas circunstâncias difíceis em que nos encontramos, provocariam uma ainda maior calamidade de todos os tipos que Portugal não tem condições para suportar.
Agora, armar-se o Governo actual em ufano, espalhando presunções fora de propósito, correndo o risco de desafiar os adversários que, ninguém garante, podem perder a cabeça e provocar a intervenção do Presidente da República que, em derradeira análise, se vê obrigado a meter a mão na fogueira, ser essa a posição que José Sócrates deu a entender que continua a ser da sua preferência, é, no mínimo, contribuir para que a História o deixe marcado com o cognome de “O Coveiro”. Que alguém o salve desse passo…
Felizmente, na sessão que se seguiu ontem por parte dos deputados que intervieram na primeira discussão parlamentar, houve ocasião para assistir a uma certa contenção e, como era natural, o tema da corrupção foi o que mais foi chamado à liça. E, se bem que, naturalmente, as críticas e as recomendações que não podiam faltar ali fossem expostas, não se notou um comportamento desse lado que leve ao pessimismo de admitir, desde já, que o confronto que se aguarda encaminhe para uma saída perigosa, se bem que, de uma forma geral, o conteúdo do Programa do Governo tenha sido também alvo de profunda crítica.
Talvez a época que se aproxima seja a que mais provocará a atenção dos portugueses que, apesar de tudo, acompanham passo a passo o que vai ocorrendo na zona daqueles que têm a obrigação tanto de governar como de criticar. Todos são responsáveis!...

Sem comentários: