
Há, evidentemente, outros concorrentes às eleições autárquicas em Lisboa, no domingo, mas são estas duas personagens que se apresentam com mais possibilidades de vir a ocupar a presidência da Câmara Lisboeta. Os restantes, com os seus valores próprios, não terão tanta ambição e contentam-se com um lugar na vereação.
Por isso, a pergunta que se pode fazer nesta altura, com o acto do voto à vista, é qual dos dois terá capacidade para vencer a luta que já se encontram a trava, sabendo-se que um já exerceu esse cargo e levantou várias questões, sobretudo com os gastos enormes que efectuou, ainda que, verdade seja dita, os túneis que conseguiu implantar tenham a sua validade e constituíam uma valia que a capital agradece. Mas o caso do Parque Mayer, com a contratação do arquitecto americano que facturou mundos e fundos pelo projecto que, afinal, não foi avante na prática, porque se tratou de uma ligeireza de Pedro Santana Lopes, que não foi capaz de fazer as coisas por ordem e com senso prático, esse erro e alguns outros do mesmo estilo fazem pensar se, deste vez, será capaz de só se meter em trabalhos que tenham princípio, meio e fim.
Já António Costa, que se queixa e parece que com razão, que recebeu o Município cheio de dívidas e que teve de se dedicar, primeiro que tudo, a pôr as contas em ordem, esse, com ar de elemento com mais cuidado nas decisões que venha a tomar, tem o contra de se encontrar muito enraizado no Governo de José Sócrates e de, por esse enfeudamento, vir a ser obrigado a seguir as pesadas do seu Partido, o que, em muitas ocasiões, não deu mostras de ser capaz de ouvir as opiniões dos outros para emendar os maus procedimentos.
No que a mim diz respeito, eu escolheria sem pestanejar o candidato que, de acordo com o que escrevo há anos, tivesse a sensatez de garantir que, uma das suas iniciativas, seria a de alterar o sistema de muitos anos do calcetamento das ruas lisboetas, substituindo-o por placas com os desenhos tradicionais tanto ao nosso gosto, acabando de vez com o feio espectáculo dos homens de cócoras a partir na mão e a colocar pedra a pedra, deixando altos e baixos e custando caríssimo por essa mão-de-obra antiquada.
Nenhum dos dois levantou essa questão. Pelo que tudo indica que ficaremos na mesma quanto a esta solução, como aliás acontece em tudo no nosso País que tanto gosta de não mexer no que existe, pois que sempre é mais cómodo assobiar para o lado, meter as mãos nos bolsos e manter a tradição.
O pior é que ficamos a ver o resto da Europa a andar e nós, muito contentinhos, sentados neste rectângulo à beira-mar plantado.
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