
NESTA caminhada final para o último exercício de eleições no período em que se entendeu agrupar os dois exercícios em datas muito próximas em vez de ter efectuado os três exercícios no mesmo dia, o que teve, obviamente, os inconvenientes de não suscitar tanto interesse por parte dos cidadãos portugueses, estamos agora já muito perto de sermos chamados a depor o voto para eleição autárquica dos diferentes propostos para ocupar os cargos que, sendo importantes para dar mostra do peso dos diferentes agrupamentos partidários nas zonas espalhadas pelo nosso País, com incontestável importância para os principais centros urbanos, já no que respeita à governação nacional não altera nada do que já ficou resolvido com as eleições legislativas.
Porém, no que se refere a Lisboa e também ao Porto, com menos destaque para Coimbra e, por questão de prestígio, noutras cidades menos populosas, aí já conta a cor partidária que se colocar à frente das autarquias, e as amostras das lutas de algum relevo que se verificaram é a prova de que os Partidos tudo fizeram para conseguirem atingir posições dominantes no próximo domingo.
Mas falemos da capital. Aí, tanto António Costa, o actual presidente municipal, e Santana Lopes, o homem que já exerceu, ainda que por pouco tempo, essas funções e ganhou experiencia na Figueira da Foz, onde parece que deixou boa obra, ambos os políticos se empenharam para sorrir abertamente quando, à noite do dia 11 de Outubro, tomarem conhecimento da sua proposta ser a vencedora.
Já deixei neste blogue de ontem algumas considerações sobre os dois concorrentes e, no meu caso particular, declarei em qual dos dois votaria se tivesse conhecimento antecipado de que um deles se interessaria pelo fim da horrorosa “calçada à portuguesa” que constitui o sofrimento de todos os que têm de calcorrear as ruas da capital. E essa determinação como tratando-se de uma tarefa prioritária e não apenas de acrescento a outras iniciativas.
Evidentemente que não é apenas esta a questão importante para levar por diante iniciativas que alterem profundamente muita coisa mal que se encontra nesta cidade, entre elas o envelhecimento progressivo das casas lisboetas e a incapacidade de transformar esta capital portuguesa de cidade triste e abandonada, sobretudo a partir do fim das tardes, numa urbe alegre, bastante florida, com movimento e apetecível de visitar. De igual modo, os bairros típicos lisboetas, como Alfama, o Bairro Alto e outros bem característicos, deveriam estar na mirada do vencedor da eleição próxima, fazendo o mesmo que se vê em muitas cidades lá fora, como em Espanha, Itália e outros, em que os estabelecimentos comerciais de renome internacional estão instalados em bairros congéneres, com lojas muito bem montadas, contribuindo e muito para valorizar os locais. Quanto a tudo isso, nada se ouviu e viu nos projectos divulgados pelos dois candidatos, se bem que, pelo seu feitio movido, seja de admitir que Santana esteja mais perto de caminhar nesse sentido. Mas não há garantia nenhuma que assim venha a ser.
O triste, pois, é verificar que uma cidade capital tão bonita e geograficamente bem situada como é Lisboa, tenha chegado a este estado de desfiguração que bem mostras dá da falta de imaginação dos diferentes e vários responsáveis municipais que têm passado pelo lugar cimeiro e que não souberam assumir as suas responsabilidades.
Não sei, francamente, qual dos dois será capaz de querer ficar na memória dos portugueses, deixando obra que valha a pena e que passe a ser considerada como tratando-se de um trabalho equivalente ao de um segundo Marquês de Pombal, provocando um “terramoto” que altere substancialmente a imagem que nos é oferecida hoje pela nossa capital.
O que tenho a dizer é que, se me fosse dado escolher, preferiria ser o presidente da Câmara de Lisboa, do que chefe do Governo. É que, no segundo caso, haverá grande luta mas sem paixão, enquanto que, no que se refere à batalha lisboeta, aí tem de existir muito amor, uma dose enorme de actividade artística, um permanente ardor pela perfeição e um compromisso absoluto com os cidadãos de lhes oferecer, com o pouco gasto que pode ser dispensado nesta fase, uma capital portuguesa que venha a constituir o prazer máximo dos que cá vivem e dos que nos visitam.
E isso eu sabia como fazer!... Modestia à parte.
Sem comentários:
Enviar um comentário