Vento que sopras ligeiro
pões os cabelos à solta
és como aquele romeiro
que não se sabe se volta
que vai p’ra lá na estrada
em ligeira caminhada
Quando de mansinho vais
e não provocas pavor
ninguém pensa em vendavais
e menos no Bojador
vento nem sempre é chuvada
pode do ar ser lufada
Mas quando os deuses se zangam
e sopram com muita força
aí os ventos descangam
e não há quem não se torça
e a força da rajada
leva tudo de enfiada
Tal como o ser humano
só é bom o meio termo
moderado não faz dano
em excesso é um estafermo
a fúria de uma rajada
traz consigo a derrocada
Vento, vento és amigo
porque trazes as sementes
que acabam por ter abrigo
em locais que são nascentes
que são as melhores achadas
para as que estão despegadas
Os moinhos te aguardam
tua força dá a luz
dos mesmo que se resguardam
por baixo do seu capuz
sabem que uma ventoada
é boa se é bem usada
E o povo que é sábio
e que por vezes tem tento
diz sem ir ao alfarrábio:
palavras leva-as o vento
e até a própria abrilada
chegou numa madrugada…
…qual vento !
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