terça-feira, 25 de agosto de 2009

ALENTEJO QUERIDO



Estive três dias em Elvas, a convite de uma amiga que tem ali um monte que é uma delícia, dessas coisas que ainda existem em Portugal e que são cada vez mais raras, pois muitas das belezas alentejanas que, durante muitíssimos anos, eram ignoradas pelos portugueses e que, a partir de certa altura, os espanhóis as descobriram e até outros oriundos de diversas nacionalidades, por lá se instalaram, a ponto de hoje começar a ser proibitivo adquirir nessa zona um cantinho que nos recompense da balbúrdia das cidades, sobretudo de Lisboa.
Eu, por mim, fico muitas vezes a pensar nas razões que levam ainda bastantes dos nossos compatriotas a procurar locais para férias por esse mundo, sobretudo desconhecendo o que ainda resta por tantos sítios portugueses que merecem bem ser visitados e procurados como regiões de descanso. Bem sei que esta minha opinião resulta do facto de, por consequência da minha profissão de jornalista, ter visitado 64 países, o que me retirou a ânsia de andar por esse mundo à busca de descobertas, e exactamente por isso, não deixo de, nesta altura da minha vida, ter reduzido o interesse em viajar à tripa forra. Os meus apetites nesta altura reduzem-se a ir à busca, em Itália, daqueles locais maravilhosos que se encontram inesperadamente quando se faz uma visita de carro – e que eu, apressadamente, encontrei muitas vezes sem esperar, e também passar uma semana em Viena de Áustria, quando ali se realizam os grandes concertos a propósito de aniversários de grandes compositores e em que o ambiente que se vive é de completo transporte a épocas passadas.
Mas volto a falar do nosso País e não posso deixar de criticar figuras políticas que surgem frequentemente nos noticiários que, em lugar de darem o exemplo, permanecendo por cá durante as suas férias, escolhem sítios no estrangeiro. Sócrates, claro, está incluído nesta crítica, mas nesta altura é bem melhor não referir o primeiro-ministro que, em breve, terá que enfrentar uma luta política que não o deixará descansado.
O Alentejo, sem desprestigiar outras províncias nacionais que também merecem a preferência dos portugueses, é uma das regiões que, nos tempos passados, antes e durante a ditadura, tanto sofreu com o abandono e com a fome que ali grassou largamente, merece agora ser preferido por aqueles que desejam descansar das labutas do trabalho nas cidades. Sobretudo Lisboa.
Aqui deixo o meu conselho. E, se outras coisas não houvessem que dão razão à escolha que indico, a sua gastronomia é uma bandeira que deve ter honras especiais para consolar os visitantes.
Os dias que ali passei, longe do computador e das notícias que só servem para nos criar tormentos, não foram excessivos, antes pelo contrário. Mas, pelo menos, criaram um certo ânimo para voltar ao quotidiano citadino.

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