domingo, 5 de julho de 2009

UMA TENTAÇÂO



Nem a Lili Caneças ou qualquer outra figura que é habitual aparecer com frequência nas páginas das publicações portuguesas, assim como, por exemplo, aquele dito “conde” que também usa um nome que não é o dele, pois não passa de um indiano do fim do escalão como o que se vê agora todos os dias no folhetim brasileiro que passa na SIC, nenhum deles teve alguma vez tamanha difusão simultânea em todos os jornais portugueses, saindo também nos estrangeiros. O que eles dariam para terem oportunidade de lhes suceder idêntico privilégio!
Mas, de facto, uma coisa é serem fotografados, de braço dado com um parceiro ou de copo na mão, em uma qualquer dessas festarolas que ocorrem por aí, e outra, bem diferente, é serem apanhados de dedos esticados em cima da cabeça a imitarem os cornos de um touro. Cheira-me que esta imagem se vai repetir, protagonizada por algum dessas ditas figuras mediáticas, pois descobriram que não chega fazerem um sorriso para as câmaras e que o essencial é utilizarem as mãos para quererem dizer qualquer coisa ao parceiro que se encontra por ali. Já o Cristiano Ronaldo também foi fotografado há dias, quando se serviu dos dedos para, do automóvel que conduzia, “dialogar” com um fotógrafo.
Pode esta forma de se dirigir aos outros provocar um sorriso de condescendência, mas que parece que a nossa língua já não chega para trocarmos impressões, sendo necessário passarmos a utilizar a expressão dos gestos, como se vê por vezes a um canto dos écrans de televisão, quando se pretende transmitir aos surdos os noticiários que são ouvidos por todos, essa é uma realidade.
Quem havia de dizer que seria por aqui que José Sócrates se tinha de preparar para fazer as malas e partir do lugar de chefe do Governo? Pelo menos, esta atitude do seu ex-ministro da Economia, Manuel Pinho, serve de desculpa para uma derrota eleitoral que se poderá prever que vai ser uma realidade. Não há outras razões, não se trata de pouca eficiência governativa, não tem nada a ver com o seu estilo discursivo e a sua arrogância de convicções. Nada disso! É apenas aquele par de cornos caricaturado por um membro do seu grupo governativo que vai ficar com as culpas todas. Se não fosse isso, é evidente que o partido do Governo voltava a obter a maioria absoluta… ou, no mínimo, obter o melhor resultado.
A mim faz-me pena que transformemos este País num Campo Pequeno. As touradas, apesar de eu não ser um aficionado, constituem uma tradição que, por muito que desgoste os amigos dos animais, quanto a mim defendo que têm o mérito de proteger a continuidade da vida dos belos touros… que, se não fosse isso, acabariam todos em bifes nos pratos gastronómicos.
E, desta vez, serviram de razão para Sócrates ter feito, mesmo à força, uma remodelação no seu Governo. Coisa que estava a faltar e se mantém até à saída final.
Custa-me ter de usar este tom jocoso para me referir a um acontecimento no nosso meio político. Estamos a viver um período que não dá para brincarmos com coisas tão sérias. O que necessitamos é de tranquilidade e de uma condução governativa que seja capaz de nos libertar do mal que nos invadiu e que está a causar grandes danos nos portugueses. Danos? Que digo eu? Só na maioria dos casos, porque há por aí uns tantos que, até nestas ocasiões, se enchem num fartar vilanagem!...

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