Se nem para encontrar uma personalidade que satisfaça as características exigidas para exercer o cargo de Provedor da Justiça, os dois partidos, PS e PSD, têm deparado com tantas dificuldades em chegar a um acordo, arrastando durante largos meses a discussão e, neste caso, o lugar vazio depois da saída anunciada e verificada do titular que lá se encontrava, Nascimento Rodrigues, repito, se nem nisso aqueles dois partidos políticos foram capazes de se entender com facilidade, como vai ser possível, depois do resultado das eleições europeias que tiveram lugar e depois, nas legislativas que se aproximam, ter esperanças de que os dois grupos partidários em causa vão abdicar das suas teimosias partidárias e, na eventualidade, muito duvidosa, de virem a ser, em conjunto, os grupos partidários mais escolhidos e seja necessário que formem maioria parlamentar, ao ocorrer a possibilidade – que não é absolutamente segura - de serem forçados a unirem-se para formar governo, pergunta-se se daí sairá uma alternativa minimamente credível. É uma pergunta longa, esta, mas não vai ser uma resposta rápida aquela que os portugueses terão de contemplar, na altura em que se confrontarem com o resultado das eleições legislativas, essas que ainda vão ocorrer.
O que é preciso é que todos nós tenhamos a consciência de que não se trata de uma opção simples aquela que nos cabe tomar, cada um por si, mas todos para formar a resposta que, depois das contagens, será a que levará à decisão que, verdade seja dita, nesta altura bastante preocupação nos tem de causar.
Se não for possível voltar a uma posição já antes tomada, com ou sem CDS no conjunto, com os resultados também ainda presentes na memória dos portugueses, se isso não puder ocorrer, então, governar em minoria parlamentar terá de ser a obrigação do partido que ficar na primeira linha das escolhas. E essa situação também a conhecemos todos e não nos deixa grande vontade de ter de a encarar de novo.
Bem gostaria eu de poder apontar, neste meu escrito, uma nota de optimismo no que respeita à caminhada que nos espera após as eleições legislativas que vêm a caminho. Mas, com a maior franqueza que me caracteriza, não posso deixar de sublinhar uma preocupação que reina no meu íntimo. As nossas características de não sermos capazes de solucionar os problemas internos que nos atormentam, o que não vem só dos tempos recentes, apontam para prosseguirmos nessa linha sempre confusa.
Fomos capazes, como mostra a História, de descobrir novos mundos, de desbravar caminhos, de mostrar aos outros o que eles depois aproveitaram, mas o que nunca constituiu a nossa especialidade foi a governação e a descoberta de riqueza, só serviu para nós, num ou dois reinados (D. João V e D. José), os descobridores, mas não foi além disso. O caso do Brasil foi uma excepção, embora os rastos das nossas características lá se tivessem implantado durante muitos anos, pois o carimbo da portugalidade é difícil de apagar.
Mas, voltando ao presente e ao futuro próximo, Outubro já não está muito longe e, por isso, o que irá sair nessa altura das urnas, quer primeiro as autárquicas e depois as legislativas, tem de nos causar enorme expectativa. Até lá, pensemos bem naquilo que iremos fazer nos dias das opções.
Entretanto, comemora-se hoje o 10 de Junho, o Dia de Camões, e, aproveitando-se dois feriados seguidos aí estão umas mini férias que os portugueses nunca desaproveitam. Esta semana trabalhou-se pouco e, por esse facto, contribuiu-se quase nada para ajudar a fazer andar o País. Mas é sabido que não se pode contar excessivamente com o esforço dos cidadãos da nossa Terra para aumentar os rendimentos e, chova ou faça sol, lá saem de bandeira erguida as famílias para fugir de onde vivem.
Conformemo-nos com aquilo que somos. Se não podemos mudar a nossa maneira de ser, então mantenhamos a esperança de que, no futuro, os jovens de hoje serão capazes de encarar as realidades e alterar o que existe hoje.
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