sexta-feira, 26 de junho de 2009

CONFUNDIDO


Inegavelmente confundido no que diz respeito à escolha que me cabe fazer nas próximas eleições, em que os portugueses têm o dever de pensar seriamente nas preferências que vão assumir em duas eleições que ainda faltam, no que se refere a esse dever de apontar os responsáveis camarários e, acima de todas as outras opções, quanto aos governantes que poderão vir a assumir a condução política de Portugal, repito, seriamente preocupado com a obrigação de ter de depositar os meus votos nas urnas, com o intento de errar o menos possível, com o tempo que vai faltando para enfrentar essa melindrosa acção, cada vez me encontro mais distante de ser capaz de acreditar que esse meu gesto irá ser o mais adequado.
É que, em cada zona que se situa na área abrangida pelos votos, com o tempo que vai avançando deparo sucessivamente com erros, falta de profissionalismo, ausência de bom senso, exibições de vaidades caricatas, gastos consentidos em todo o País e por determinação de diferentes poderes, mesmo locais, e em situações que não se podem considerar como inadiáveis, ausência de atribuições bem estudadas, a todos os níveis, de responsáveis, pois que se continuam a esconder as faltas dos culpados directos em cumprir mal as suas obrigações, teimosias em manter determinações equivocadas, mesmo que sejam audíveis as reclamações populacionais que já não escondem o seu descontentamento de Norte a Sul do País, tudo isso contribui para provocar a minha hesitação em depositar a minha escolha neste ou naquele partido. É que, no que respeita às Oposições, também as dúvidas me assaltam. Vamos a ver se, até ao dia decisivo, surgem propostas concretas, mesmo que se saiba, de antemão, que bastante do que se diz antes passa a não ter valor mais tarde.
O Presidente da República entendeu, e bem, ouvir os partidos mais salientes para conhecer se as duas eleições que restam se efectuarão num dia ou em dois separados. Nesta altura em que escrevo este texto estão a realizar-se os encontros em Belém, para apurar a decisão final. E já é conhecido que só em 12 de Agosto é que Cavaco Silva dá a conhecer o que entende que seja feito. Eu, por mim, optava pela economia de meios e de esforço dos eleitores, sobretudo numa época em que a praia é a maior contribuinte para o desvio de eleitores. Isto é, juntar tudo num só dia.
Enfim, chegámos a um momento em que a confiança se encontra completamente diluída, sobretudo porque a esperança não pode ser excessiva, sobretudo quando é cada vez maior o número de privilegiados que são, os que auferem pagamentos de ordenados e de reformas que são inadmissíveis num País afogado em dívidas, como é o nosso. E essa gente também é oriunda de grupos partidários que já estiveram em Executivos anteriores. Têm experiência disso.
O que é de recear é que, exactamente por este motivo, as massas não venham a mostrar grande entusiasmo em se deslocar aos pontos da votação e esse é o grande perigo, porque as abstenções podem resultar num panorama posterior de ingovernabilidade que é, por sinal, o que os escolhidos até preferirão, dado que as condições actuais e as mais graves que ainda se aproximam podem servir de desculpa para a falência de um País que se arrisca a bater no fundo e a não ser capaz de voltar à superfície.
É que, para tentar pôr de pé o que se encontra doente com remédio escasso para salvamento, pode-se, apesar de tudo, esperar que algumas falhas perigosas em que nos meteram sejam solucionadas, por exemplo que a Justiça consiga vir a desempenhar o seu papel com absoluta justeza em todos os seus aspectos e que terminem, de vez, as demoras e as soluções revoltantes que têm marcado a actuação dos Tribunais. Será um passo positivo, se bem que não chegue para pôr em ordem todo o conjunto de maleitas que nos invadiram.
Passarão as escolas, especialmente as primárias (e continuo a chamar-lhes desta maneira, porque isso dos ciclos não melhorou em nada o ensino), a colocar nos estudos secundários os rapazes e raparigas devidamente preparados, como sucedia no tempo das gerações de há 40 e 50 anos, sobretudo quando o que seria necessário, nesta altura precisa que atravessamos, era ensiná-los com convicção como se deve praticar a Democracia?
Seremos capazes de resolver à distância problemas de enorme urgência, como é o da falta de médicos por todo o País, sobretudo no interior, deixando, como se encontra, a população mais carenciada desprotegida de saúde, mesmo que seja, por agora, com a contratação de técnicos estrangeiros, já que não se foi capaz de prever durante anos a fio que havia que tomar as medidas essenciais na Faculdade de Medicina?
Conseguiremos caminhar seguramente para a diminuição progressiva do desemprego que grassa já a níveis de transformar a população nacional em pedintes que não conseguem sobreviver com a situação de miséria em que se encontra?
Acabarão as falências sucessivas que se vêem por toda a parte de tantas empresas grandes, mas igualmente de pequenas e médias?
Haverá esperanças de que iremos assistir a um corpo governamental de confiança, formado por políticos, para além de honestos, sobretudo competentes? Sim, isso mesmo: competentes!...
Chegará algum dia um Parlamento cuja composição não seja formada por elementos que só ali se situam para garantir uma reforma confortável e passar uma temporada a descansar em bons cadeirões e a fazer telefonemas e a entreterem-se no computador, nos intervalos em que não fazem a sua soneca, deixando os que ali estão para isso, a atacar de viva voz, mas sem resultados práticos, os adversários de partido?
Será que o Governo que vier a tomar posse não insistirá na loucura de endividar ainda mais Portugal com obras transcendentais que, por muito úteis que venham a ser no futuro, também deixarão os cidadãos de amanhã com encargos muito difíceis de liquidar?
Mas quanto ainda mais poderia aqui deixar neste texto, no capítulo da dificuldade em fazer a cruz nos boletins de voto com o mínimo de consciência que se tratou do mal menor. Mas a verdade é que os portugueses, precisamente por se estar a atravessar um período de muito difíceis, quase impossíveis, soluções, é que todos os portugueses devem analisar bem as suas consciências e não ficar em casa à espera que outros façam por si o que lhes compete. Que é votar!
Temos todos de tomar consciência de que o que corre enorme perigo, tanto por cá como noutros países onde já se começaram a verificar desacatos populares, é a própria Democracia. E a História já nos ensinou, mesmo no corpo de alguns, como custa estar-se sujeito a uma Ditadura…

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