segunda-feira, 4 de maio de 2009

QUE FUTURO?



O que eu mais gostaria que me sucedesse na escrita destes meus blogues diários era que os temas focados fossem, na sua maioria, demonstrativos de que, neste nosso País, há mais motivos para expressar alegria e boa disposição do que o contrário. Que bom seria cantar aleluias às nossas demonstrações de felicidade, dar mostras de bem-estar com o mundo e connosco, ter saudades de algum passado que tivesse valido a pena e não perder expectativas agradáveis em relação ao futuro. Isto seria o que me apetecia que fosse uma realidade.
Mas, para fazer a vontade a todos aqueles que clamam pelo optimismo, que aconselham o acreditarmos que o que vem aí só pode apresentar boas perspectivas, que o mau tempo fica sempre para trás, sobretudo que somos capazes de vencer as adversidades e que temos competência para, como dizem os brasileiros, darmos a volta por cima, para aderirmos a esse espírito de que tudo corre bem não importa que estejamos a mentir a nós próprios?
Eu lastimo. Mas não sou portador dessa característica. O que vejo, o que sinto, o que perspectivo não corresponde a tal crença de que não temos razões para nos preocuparmos. Que podemos andar descansados e que os nossos descendentes vão encontrar um País pleno de forma e, em relação ao espaço europeu, não existirá nenhum atraso, para não dizer que nos vamos situar na frente da fila.
Sendo assim, vou apenas referir algumas notícias que, os que acompanham os jornais, as rádios ou as televisões, puderam constatar hoje, dando a conhecer ao público em geral como nos encontramos e como vamos ficar. Para começar, os cenários que o governador do Banco de Portugal entendeu comunicar não podem ser mais arrepiantes. Desde as diminuições da riqueza do País, da baixa do investimento privado que vai ter lugar, das exportações que caíram muito e a retoma que só será mais significativa lá para o ano de 2011, tudo isso acrescido do desemprego que não pára de aumentar, faz com que Portugal seja um País a viver um período de medo, em que a pobreza está bem ao alcance das mãos. Em resumo, os responsáveis pelas finanças públicas já não escondem que a queda agora analisada é mais forte do que se previa e que não vai ser fácil sairmos da recessão em que já nos encontramos.
E como se não bastasse a quantidade enorme de empresas de antigo sucesso e nome sonante que encerram as suas portas e ocasionam avultados despedimentos, também os pequenos empresários, que são aos milhares, diariamente dão mostras do encerramento das suas lojas onde figura o triste anúncio de “vende-se”.
Haverá então alguém neste nosso País que se queira iludir com toques de violino, para não se consciencializar no que respeita ao amanhã que tem de nos preocupar? Há ainda gente que se deixa levar pelas palavras falaciosas dos nossos governantes, com José Sócrates à frente, que não tendo nunca mostrado coragem para falar verdade aos portugueses, para convencer a população de que, em lugar de propagar a ideia de que estávamos ricos – como o fizeram durante a sua governação, especialmente no período mais inicial – o fundamental era ir preparando a população para o que a esperava, e que todo o mundo já conhecia? Aquilo que disse o Presidente da República, quando se referiu a este problema e não foi nada meigo no que respeita ao sentido crítico das suas palavras, não esteve longe do conteúdo do que aqui fica expresso neste texto.
Não ligo a que uns tantos, que até talvez estejam a ser beneficiados por esta situação de corda na garganta que se vive em Portugal (e não se admirem ao ler esta passagem, porque, como tenho referido nos meus blogues diários, é verdade, há sempre quem ganhe com o mal da maioria), mas eu prefiro olhar de frente e, ao insurgir-me contra a apatia que certos sectores mantêm, levanto a minha voz de inconformado e dou a cara. Que não tínhamos, nós, pequeno País, capacidade para passar ao lado da crise, isso aceita-se. Mas que tenhamos seguido o caminho de esconder a verdade e de não sermos capazes de escolher as opções de actuação mais apropriadas, isso é que não consigo aceitar, (volto a referir-me aos meus blogues anteriores).
Vamos a ver o que vai mostrar o resultado das próximas eleições, especialmente as legislativas. Tudo indica que maioria no Parlamento é situação que ninguém acredita que se verifique. Portanto, o panorama político se modificará de maneira bem clara. As abstenções, que se provêm por parte do eleitorado no momento do voto, darão a indicação de que os portugueses perderam o interesse pela situação política do nosso País. Não vão confiar em ninguém, digo eu, a esta distância e sem temer ser criticado por isso. E, da mesma maneira que não influencio ninguém da área do Governo com as minhas exposições neste blogue, também seguramente que não será pela leitura do que aqui escrevo que os cidadãos ficarão em casa no dia de ir às urnas.
Vamos lá a ver quando e como alterarei estes meus textos pessimistas, mas isso só se poderá verificar na altura em que se vislumbre algum passo por parte dos governantes, agora estes, depois os que vierem, nem que sejam os mesmos mas com companhia sabe-se lá de quem, que se possa considerar como medida ou medidas que, realmente, tenham de ser consideradas como valiosas, inteligentes, competentes e cujo objectivo seja o de melhorar o estádio em que se encontra Portugal.

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