domingo, 10 de maio de 2009

O BENEFÍCIO DA DÚVIDA



A forma mais prudente de analisarmos aquilo que chega até nós como notícia e que nos faz suspeitar da sua veracidade, logo o termos o cuidado de não transmitir a outros o que não constitui uma certeza, esse é o comportamento mais aconselhável, sobretudo neste mundo em que se verifica causar tanto prazer o espalhar-se alguma coisa que se anseia por que seja autêntico, porque prejudica o bom nome de um terceiro que, por sinal, se situa na área dos pouco apreciados aos nossos olhos.
Se não é verdade, até devia ser, porque fulano, se não fez ou não disse tal coisa, pois poderia bem ser o autor dessa, por ter um comportamento que, aos meus olhos, se adapta perfeitamente ao estilo utilizado – esta é a forma de escusa que normalmente se observa naqueles que não hesitam em propagar um feito que provoca prazer de saber que, se não é autêntico, poderia muito bem ter acontecido.
A verdade, infelizmente, é que o chamado beneficio da dúvida é poucas vezes prestado quando ocorre uma acusação no mundo social a alguém que, por não haver provas palpáveis de que tenha sucedido, mesmo assim é posta a circular como tratando-se de uma notícia autêntica e que, com a reprodução de vozes que se vão multiplicando, cada vez se vai tornando como indiscutível e, mesmo que, nas situações em que os tribunais são chamados a intervir, não se consiga provar por dois mais dois que são quatro, o resultado é que o visado por tal “diz-se” acaba por não se poder livrar, para toda a sua vida, do que começou por ser um “parece”.
Esta minha observação destina-se, como é óbvio, a todos os casos e a nenhum em particular. Só serve para justificar que, na minha perspectiva e quanto ao tão divulgado caso do Freeport, tal como escrevi num blogue logo na altura em começou a correr a história em que José Sócrates era o visado principal, que o tema não faria parte dos meus comentários enquanto não surgissem provas concretas de que existia um culpado e quem é que tinha beneficiado com o negócio daquele complexo comercial na outra banda, a verdade é que o processo em causa não tem andado com a rapidez que se exigia para que se chegasse a uma conclusão que não levantasse dúvidas.
Porém, não me deixam as críticas de que, com o silêncio, estou a provocar a suspeita de que pretendo defender o primeiro-ministro. E essa é uma falsidade. O que tenho é apenas isso mesmo, suspeitas de tipo pessoal e, por isso, mantenho a maior das dúvidas. E, por mais que me incline para essa possibilidade, dadas as circunstâncias ocorridas na vida de Sócrates, no campo do desafogo financeiro que lhe permitiu comprar um andar de prestígio em Lisboa e ter a sua Mãe beneficiado de condições especiais para também o fazer no mesmo prédio, com todo o “romance” criado à volta das facilidades criadas pela empresa vendedora, apesar disso, repito, em consciência não posso afirmar que houve, sem sombras de dúvida, uma actuação condenável. E isso não o faço, antes que saia uma conclusão jurídica que não deixe suspeitas a ninguém.
Para mim, o benefício da dúvida, é uma característica que não deixarei nunca de utilizar em todas as circunstância em que a certeza se encontre fora do nosso alcance. Mas, lá que tenho a maior das dúvidas, lá isso tenho!…

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