segunda-feira, 11 de maio de 2009

FEIRA DO LIVRO



A Feira do Livro, em Lisboa, cumpriu mais um ano a sua presença no parque Eduardo VII, deixando os lamentos daqueles que a gostavam mais de a percorrer ao longo da avenida da Liberdade, como acontecia anos atrás, o que é o meu caso, pois, para além de não ser necessário subir as duas encostas, de ambos os lados, para poder meter o nariz em todos os stands que se perfilam, provocava uma maior aproximação dos visitantes que, pelo que representa aquela exposição e venda da produção literária, sempre é bom dar maior convivência aos que se consideram membros de uma classe que está cada vez mais diminuída e que tem o cognome de “ratas das livrarias”.
Pois eu, desde que há muitos anos atrás comecei o meu percurso de trabalho a prestar a minha actividade na Livraria Bertrand, tendo a meu cargo a secção de assinaturas de publicações estrangeiras, fiquei, desde então, amarrado aos livros, aos seus autores, cujos nomes mantinha de cor, e aos editores que, nessa época, eram pessoas com quem se conversava e trocava opiniões e ideias. E ajudaram-me muito nessa paixão personalidades literárias que comungavam comigo os seus ideais, incluindo os políticos e contrários do situacionismo que então existia, entre eles Aquilino Ribeiro que, à hora do chá, tomava comigo o seu cafezinho ali em frente, no saudoso Café Chiado.
Na minha ronda pelo conjunto, como sempre faço, preocupei-me em obter catálogos editoriais da maioria dos stands que os tinham, para analisar em pormenor os tipos de edições a que se dedicam e para contactar algumas no sentido de propor o interesse pelos originais que tenho prontos para que algum responsável editorial me contacte, no sentido de averiguar se vale a pena investir neste pouco exibicionista autor de trabalhos, em poesia, ficção, teatro e o que for do gosto dos que têm de arriscar para ver se as obras pegam junto do público.
Na verdade, não tenho habilidade para andar de volumes debaixo do braço a bater às portas dos encarregados em descobrir “génios” em potência, pois que os nomes que estão na moda e que são os que mais interessam às editoras, têm de ser caras conhecidas da televisão, ou porque entraram num “Big Brother” qualquer, ou porque são gente dos futebóis ou a eles ligados ou então locutores e apresentadores televisivos que nem precisam de mostrar grande talento para despertarem o interesse junto do público que deseja saber os seus segredos amorosos ou o que têm a contar sobre a sua vida privada.
E lá fica a Feira do Livro deste ano, a que deveria ser um verdadeiro local que abrisse o apetite dos que se dedicam pouco a leituras, com zonas apropriadas em que, de passagem, fosse possível tomar contacto com obras que seriam postas à disposição para, em lugares confortáveis, poderem ser apreciadas, com uma música de fundo acolhedora, e até talvez uma bebidazinha que refrescasse o ambiente, lá fica, um ano mais, sem acrescentar nada ao que já é conhecido.
Mas isto sou eu a recorrer, como sempre, a uma imaginação que é o que mais falta, agora e sempre, nos meios em que seria aconselhável não fazermos sempre igual, a mesma coisa, a rotina. Deixem-me sonhar…

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