As eleições que se aproximam têm de ser encaradas pelos portugueses como uma das mais comprometedoras que já houve ocasião de enfrentar. Todas são importantes, é verdade, mas depende bastante das circunstâncias que se atravessam na altura de ir às urnas para aquela, em particular, que vai sair da preferência da maioria dos cidadãos, poder provocar maior ou menor preocupação no que diz respeito à solução que se vai encontrar.
Fazendo bem as contas e memoriando com absoluta seriedade aquilo que o actual Governo tem feito ao longo do seu mandato, levando em conta que também se tratou de um período que não se pode considerar fácil, especialmente a partir da altura em que o mundo se viu envolvido numa crise dramática que não se sabe como nem quando vai terminar, mesmo assim, não pensando apenas nos casos pessoais de cada um ou cada grupo, há que pesar bem na balança aquilo que saiu bem e o que foi produto de uma má actuação, ainda que se trate de um ou outro ministro em especial, mas sabendo-se que é ao chefe do Governo que cabe toda a responsabilidade.
A minha visão de José Sócrates já a expus no meu blogue sem recurso a qualquer subterfúgio. Critiquei, especialmente, o seu comportamento pessoal e a falta de falar frontalmente ao povo português, expondo-lhe os problemas e indicando as medidas que tenciona adoptar, em lugar de se referir apenas ao que foi feito, como sendo o melhor que pode sair da cabeça de quem nunca se equivoca. E foi essa ausência de ouvir os outros, mesmo os adversários políticos, que o levou, bastas vezes, por caminhos que não eram os mais aconselháveis.
Bom primeiro-ministro, na minha óptica, não foi. Não soube meter na ordem alguns dos seus ministros, até mesmo demiti-los por não terem sido capazes de exercer o seu trabalho com completa competência – o da Agricultura, por exemplo, por não ter aproveitado em pleno os subsídios da Europa, o da Justiça, por não ter sido capaz de pôr aquele sector tão importante a funcionar com destreza e rectidão, a da Educação, pelos movimentos de professores e alunos que se verificaram por esse País fora, o das Obras Públicas que, com o seu “jamais” e com a teimosia das obras que só vão endividar os futuros cidadãos, já há muito que deveria ter sido mandado para casa e não para um lugar chorudo, como é habitual fazer com os que saem do Poder – e isto é apenas uma amostra rápida do que Sócrates não foi capaz de fazer quando teve na mão todas as possibilidades de mostrar a sua eventual capacidade de mandar.
É sobre isto tudo que os portugueses têm de começar a reflectir profundamente e, na altura de colocar o seu voto nas urnas, serem capazes de escolher por forma a que o próximo panorama não se mostre como tratando-se de ter sido pior a emenda do que o soneto.
Mais do que isto não devo dizer. Eu próprio sinto a dificuldade de escolher uma alternativa que não constitua um verdadeiro problema de governação, sendo certo que, dadas as circunstâncias que atravessamos, o menos mau ainda seria que se repetisse um Sócrates mas acompanhado de alguém que o obrigasse a não ser tão fechado no seu umbigo e que não tivesse complexos em modificar as teorias que defendeu até agora em diferentes sectores. E não digo mais, por agora.
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